A eleição da presidência da Câmara dos Deputados, marcada para esta segunda-feira (1º), não corresponde apenas a quem será o novo presidente da Casa Baixa do Congresso Nacional, mas aos espaços que serão distribuídos aos parlamentares e seus partidos, constituindo na ampliação de poderes. Em Pernambuco, a bancada federal encontra-se dividida e o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) obtém vantagem entre aqueles que já declararam voto.
Dos 25 deputados federais pernambucanos, 13 parlamentares votarão em Arthur Lira. Já o candidato indicado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), conta com o voto de 10 deputados. Ainda há os deputados Daniel Coelho (Cidadania) e Danilo Cabral (PSB), que não declararam abertamente em quem vão votar, mesmo que os partidos já tenham definido, a nível nacional, os seus candidatos.
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“Sou favorável a uma candidatura de oposição que defenda nossa Constituição, a democracia, as instituições e garanta a independência da Câmara dos Deputados”, frisou Cabral. Segundo o socialista, no dia da eleição haverá uma reunião da bancada para deliberar sobre o assunto. Danilo Cabral assumirá a liderança do PSB na Câmara a partir da próxima semana e tem como objetivo buscar um entendimento entre seus colegas. “Ou não sendo possível, uma decisão que preserve a unidade de nossa bancada para que possamos fazer os enfrentamentos ao Governo Bolsonaro”, afirmou ao JC.
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Pernambuco esteve na rota dos dois principais postulantes à presidência da Câmara durante a campanha. Lira, que é líder do PP, foi o primeiro a desembarcar em solo pernambucano quando ainda era pré-candidato na disputa. Após a sua oficialização, esteve pela segunda vez no Estado, indo novamente à mesa com o governador Paulo Câmara (PSB) e uma ampla comitiva formada pelos parlamentares do seu bloco e o prefeito do Recife João Campos (PSB). A bancada composta por 30 parlamentares socialistas encontra-se dividida entre os que defendem Arthur Lira e os que apoiam formalmente Baleia Rossi.
No caso do parlamentar emedebista, Pernambuco foi o primeiro estado a recebê-lo após a oficialização da sua candidatura e do bloco de oposição (PSB, PDT, PV, Rede e PcdoB) formalizar apoio a sua candidatura. Ele veio acompanhado de Rodrigo Maia e também conversou com o governador e deputados da ala esquerda. Na última terça-feira (24), o Baleia encerrou sua agenda de campanha em Pernambuco.
“Historicamente, mesmo com a renovação dos membros ocorrendo de quatro em quatro anos, a bancada de Pernambuco sempre se diferencia. Não só a proeminência dos membros dessa bancada, mas os que ocupam cargos de liderança dos partidos, como eu no PDT, André Ferreira no PSC, Danilo Cabral que será líder do PSB. Nós também teremos André de Paula do PSD que será membro da Mesa Diretora. Somos um estado que forma opinião”, afirmou o deputado federal Wolney Queiroz.
Entre os parlamentares que apoiam Baleia Rossi, a defesa por este projeto de comando está alinhando no discurso de que é necessário ter uma Casa independente e que seja o contraponto ao governo federal. “Pela defesa do estado democrático de direita e da democracia acima de tudo. Contra todo esse processo de entrega do patrimônio público e retrocessos profundos que estão sendo implementados pelo governo. Tudo isso foi o que pesou e o que unificou esse bloco”, afirmou o deputado federal Carlos Veras (PT).
Da ala dos que apoiam Arthur Lira, o deputado federal Ricardo Teobaldo (Podemos) explica que ele não é o “candidato de Bolsonaro”, mas que após se colocar como candidato tem recebido apoio do presidente da República. “Eu não o considero o candidato de Bolsonaro. Ele se colocou na disputa, transita na Câmara com todos os partidos, é um cara de cumprir acordo, de cumprir palavra, ele se viabilizou por ele. Agora, ele recebeu o apoio do presidente. E acho que está eleito, viu? Pelo que estou vendo, pelo que tenho conversado, ele ganha a eleição”, declarou Teobaldo.
Também estão concorrendo a presidência da Câmara, os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS), General Peternelli (PSL-SP), Capitão Augusto (PL-SP), André Janones (Avante-MG), Fábio Ramalho (MDB-MG) e Luiza Erundina (PSOL-SP). “As votações da mesa da Câmara sempre foram históricas. Sempre alguém achou que já estava ganho, que tinha mais de 300 votos e eu não sei se alguém já alcançou essa votação até hoje, mesmo vencendo no primeiro turno”, relembra o deputado Gonzaga Patriota (PSB), que é o mais antigo parlamentar da Casa.
“ A gente teve o caso do Severino Cavalcanti, que botou a cara, acabou indo para o segundo turno e ganhou. O partido mandou que a gente vote em Baleia Rossi, mas eu sei que não é uma eleição fácil, porque o Arthur Lira também está muito forte. De todo modo, não é o que estão dizendo, que ele vai ter 330, 320 votos. Ele deve ter 280, por aí, se ganhar. E o Baleia, se ganhar, também deve ter mais ou menos essa quantidade de votos”, ponderou o socialista.
Arthur Lira (PP-AL)
André de Paula (PSD)
André Ferreira (PSC)
Bispo Ossesio (Republicanos)*
Eduardo da Fonte (PP)
Felipe Carreras (PSB)
Fernando Filho (DEM)
Pastor Eurico (Patriota)
Fernando Monteiro (PP)
Silvio Costa Filho (Republicanos)
Sebastião Oliveira (Avante)
Fernando Rodolfo (PL)
Ricardo Teobaldo (Podemos)
Augusto Coutinho (SD)
Baleia Rossi (MDB-SP)
Carlos Veras (PT)
Milton Coelho (PSB)
Luciano Bivar (PSL)*
Marília Arraes (PT)
Raul Henry (MDB)
Renildo Calheiros (PCdoB)
Tadeu Alencar (PSB)
Túlio Gadêlha (PDT)
Wolney Queiroz (PDT)
Gonzaga Patriota (PSB)
Não se posicionou
Daniel Coelho (Cidadania)
Danilo Cabral (PSB)
* Posicionamento segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, o JC não conseguiu contato com o parlamentar para confirmar o voto