PSDB se reúne nesta sexta-feira (12) para decidir se prorroga o mandato de Bruno Araújo na presidência da sigla

Até o momento, o dirigente pernambucano possui amplo apoio de membros do partido, mas o governador João Doria já demonstrou interesse em assumir o cargo
Renata Monteiro
Publicado em 11/02/2021 às 16:05
DE SAÍDA Pernambucano tinha planos de deixar a vida pública com o fim do mandato na chefia do partido Foto: RICARDO B. LABASTIER/ACERVO JC IMAGEM


A Executiva Nacional do PSDB reúne-se, às 11h desta sexta-feira (12), para decidir se acata ou não o pedido de 26 presidentes de diretórios estaduais, de todos os seus sete senadores e de 23 dos 33 deputados da bancada tucana na Câmara Federal para que o mandato do pernambucano Bruno Araújo no comando da sigla seja prorrogado até 2022. O encontro, que será realizado virtualmente, se dá menos de uma semana após o governador de São Paulo, João Doria, externar o seu desejo de assumir a presidência da agremiação, fato que gerou grande resistência entre os seus correligionários.

Doria trabalha para ser o candidato da legenda nas eleições presidenciais do próximo ano, e deseja controlar o partido para colocá-lo na oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O problema é que, atualmente, o governador está longe de ser uma unanimidade dentro da sigla. Muitos tucanos, por exemplo, acreditam que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é quem deveria representar o PSDB nas urnas, não Doria. Além disso, desentendimentos do gestor de São Paulo com o grupo do deputado federal Aécio Neves vêm desestabilizando o partido.

Ao anúncio da intenção do chefe do Executivo paulista de comandar o partido, seguiu-se uma forte reação surgida de várias partes do País. Na última quarta-feira (10), os presidentes dos diretórios estaduais de todos os Estados, exceto São Paulo, encaminharam um ofício a Bruno Araújo solicitando que ele permaneça no cargo até o ano que vem.

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"A pandemia causada pelo Coronavírus provocou nos últimos tempos uma das maiores crises sanitárias já enfrentadas pela humanidade. No Brasil, o crescente número de pessoas contaminadas e o ainda lento processo de imunização da população fazem as medidas de distanciamento social cada vez mais necessárias à preservação da saúde e da vida. Assim, nos preocupa muito o início em breve do período de realização das convenções para renovação dos mandatos dos dirigentes do partido em todo o país. A impossibilidade de encontros presenciais provocará grande prejuízo à mobilização da nossa militância e consequentemente ao exercício da democracia interna. Por essa razão, torna-se necessária a prorrogação do mandato do atual Diretório e Executiva Nacional", diz trecho do texto.

No mesmo dia, a maior parte dos deputados federais do PSDB assinaram uma nota manifestando "confiança na Executiva Nacional" e apoiando "a prorrogação dos respectivos mandatos". "Os parlamentares estão certos de que, com a decisão, o partido seguirá mantendo a democracia interna e a convergência na busca de soluções para que o País possa vencer a pandemia e retomar o crescimento com justiça social", afirma o documento. Apenas os parlamentares de São Paulo e outros três não subscreveram o texto. Nesta quinta-feira (11), foi a vez da bancada do PSDB no Senado, por unanimidade, ficar ao lado do dirigente pernambucano.

Em mais um gesto para enfrentar a ofensiva de Doria, um grupo de dirigentes e deputados do partido estiveram hoje em Porto Alegre para um encontro com Eduardo Leite. O objetivo seria pedir que o governante se coloque oficialmente como postulante à presidência da República.

Em entrevista publicada hoje no jornal O Globo, Leite deu algumas alfinetadas no governador de São Paulo e não descartou a ideia de encabeçar um projeto nacional para 2022, ainda que a agremiação precise fazer prévias. "A liderança que um presidente de partido deve exercer é conquistada diante da agremiação, das principais lideranças. Temos orgulho da história que o PSDB construiu em São Paulo, onde melhorou o ambiente de negócios e adotou responsabilidade fiscal em governos nos últimos quase 26 anos. Mas isso não significa que simplesmente por ter essa história e a maior população, a presidência, ou qualquer outra função de relevância, vai se impor por parte desse estado", declarou.

Leite deixou clara, ainda, sua opinião a respeito da gestão de Bruno Araújo à frente do partido e afirmou que também apoia a sua permanência na presidência da sigla. "Entendo que o atual presidente do PSDB, Bruno Araújo, está conduzindo com muita responsabilidade e habilidade dentro de um quadro político difícil. E ele conquistou essa liderança. Acho que tem todas as condições para que continue na presidência. Há que se reconhecer essa força também de outros estados que o próprio Bruno construiu ao longo da sua trajetória", observou o governador.

O mandato da Executiva Nacional do PSDB se renova a cada dois anos, através de Convenção Nacional. Desde que a resolução partidária 09/2016 foi lançada, no entanto, existe a possibilidade desse mandato ser prorrogado por mais um ano, sem necessidade de nova Convenção. É isso o que será deliberado nesta sexta-feira, durante o encontro da Executiva.

Ex-ministro das Cidades no governo Michel Temer (MDB), ex-deputado federal e ex-deputado estadual por Pernambuco, Bruno Araújo participou da sua última eleição em 2018, quando concorreu ao cargo de senador na coligação Pernambuco vai Mudar, encabeçada por Armando Monteiro (sem partido), mas não venceu o pleito. Em 2019, com o apoio de Doria, Bruno disputou e venceu a eleição para a presidência do PSDB. No ano seguinte, durante entrevista ao JC, o tucano afirmou que, após deixar o comando do partido, se afastaria da vida pública

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