Com a volta do ex-presidente Lula à corrida presidencial, uma ala do PSB voltou a discutir a possibilidade de retomar a aliança com os petistas em 2022. Em Pernambuco, a maior resistência a um entendimento deve partir do prefeito do Recife, João Campos, que tem sido apontado como um forte articulador para que o PSB tenha autonomia e se distancie cada vez mais do PT.
Desde as eleições municipais, ao enfrentar a deputada federal Marília Arraes (PT), levando a disputa até o segundo turno, Campos não poupou críticas ao Partido dos Trabalhadores, cortando inclusive, a possibilidade de ter indicações políticas da legenda petista em sua gestão.
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Por outro lado, essa postura mais resistente a uma aliança com o PT, tanto a nível nacional quanto local, adotada pelo filho do ex-governador Eduardo Campos, não tem sido compatível com os movimentos feitos pela Executiva Nacional. Nos bastidores, os socialistas afirmam que a posição de João Campos é muito mais pessoal e compreensível por tudo que ele passou na campanha eleitoral de 2020. Ainda assim, não seria imutável. “O partido vem estreitando esse contato com o PT e não é algo apenas a nível nacional. Em Pernambuco, o relacionamento não foi rompido, muito pelo contrário”, afirma uma socialista, em reserva, se referindo a saída do partido da gestão estadual do PSB.
Inclusive, os socialistas avaliam que pelo perfil pragmático do ex-prefeito do Recife e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, se for colocado na balança que ter o PT no palanque contribuirá para que o PSB permaneça no comando do Estado, ele não hesitará em trabalhar para construir esse apoio. “Se mais na frente tiver um movimento demonstrando que o apoio do ex-presidente Lula, que está cada vez mais consolidado como candidato, de alguma forma ajudar o cenário em Pernambuco, certamente Geraldo vai se movimentar para construir esse caminho junto à Executiva Nacional”, afirma outro socialista, também em reserva. Geraldo tem sido o nome mais forte colocado pelo PSB para disputar a sucessão do Governo do Estado, mas no momento não deverá tomar nenhum posicionamento extremo que possa provocar qualquer tipo de tensionamento dentro do partido.
Nenhuma hipótese tem sido descartada, seja ela caminhar ao lado do presidenciável Ciro Gomes (PDT), pelo fortalecimento do campo progressista como alternativa à polarização entre o Lula e Bolsonaro, seja formar uma aliança com o líder petista, ou até mesmo lançar uma candidatura própria. “Não tem nada decidido, na política um ano é uma eternidade. Agora, sabemos do protagonismo que as regiões Norte e Nordeste possuem nessa equação”, afirmou um parlamentar. Ele também cita que diante desse protagonismo regional, também será pesado nesta balança para 2022, a possibilidade do PSB indicar um candidato a vice-presidente. Neste caso, o nome do governador Paulo Câmara continua sendo ventilado como forte opção.
Sobre o futuro do chefe do Executivo estadual, o caminho para o Senado Federal parecer ser o mais improvável, já que o PSB possui uma frente ampla com mais de 11 partidos, onde a habilidade política em torno da manutenção desse bloco será colocada à prova. Nomes como os dos deputados federais Eduardo da Fonte (PP), Silvio Costa Filho (Republicanos) e André de Paulo (PSD) já se colocam à mesa para pleitear a vaga na majoritária. Mas, há socialista que lembra que se o PT não for descartado nesse palanque, ele também entraria entre os cotados para a disputa ao Senado, que nesta eleição só terá a representação de uma cadeira.
Alguns correligionários acreditam que Paulo Câmara possa encerrar o mandato e retornar ao Tribunal de Contas em 2023. Outros, não descartam também que até abril ele possa se desincompatibilizar para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. “O fato dele não está sendo enfático nesse assunto, não significa que ele não possa concorrer às eleições”, declara um socialista.
Cotado para disputar o governo estadual em 2022, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), tem um encontro marcado nesta quarta-feira (7) com o deputado federal Raul Henry, que preside o MDB em Pernambuco. Hoje, oficialmente os emedebistas integram a Frente Popular, coligação que dá sustentação à administração do governador Paulo Câmara (PSB), mas tanto Miguel quanto o seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), não concordam com o posicionamento da agremiação e tentam, desde 2018, levar a sigla para a oposição.
Mesmo fazendo questão de ressaltar que vai se encontrar com o parlamentar em busca do seu apoio institucional em áreas como a educação e saúde, Miguel não nega que deve conversar com Raul a respeito de questões partidárias. O gestor diz que a relação na legenda entre os que são contra e a favor da aliança com o PSB é amistosa e respeitável, mas frisa que seguirá trabalhando para mudar os rumos do partido no Estado.
"A nossa posição dentro do partido sempre foi muito clara, que nós somos oposição à Frente Popular. A gente respeita a posição de Jarbas (Vasconcelos), de Raul e dos demais que lá estão e eles também respeitam a nossa. Mas o próprio Raul reconhece que, independentemente da política do ano que vem, o senador Fernando Bezerra tem o direito legítimo da renovação do seu mandato, pelo menos do estar no pleito. E isso, em si, já coloca o partido na eleição do ano que vem com a perspectiva de configurar no polo de oposição. Mas pode ser que o MDB não se configure na vaga de senador, se configure em outra vaga na chapa majoritária", afirmou Miguel, frisando, no entanto, que não tem a intenção de iniciar o debate eleitoral na sigla neste momento.
Durante a sua fala, o prefeito fez questão de destacar que a uma das suas prioridades enquanto membro do MDB é o fortalecimento da legenda em Pernambuco, meta que, segundo ele, seria mais facilmente atingida caso o partido lançasse um candidato ao Palácio do Campo das Princesas. "O partido que tem um candidato a governador, seja de oposição ou seja de situação, automaticamente se torna o partido que lidera todo o processo. Se você tem uma possibilidade do MDB ter um candidato a governador, sem dúvida isso coloca a sigla como uma das principais forças do campo de oposição. Mas isso não está definido, não está sequer sendo tratado, em respeito ao momento que nós estamos vivenciando com a pandemia da covid-19", detalhou Miguel, rechaçando qualquer possibilidade de vir a sair da agremiação.
VISITAS
De passagem pelo Recife ontem, o prefeito sertanejo participou de uma série de encontros com lideranças políticas de várias partes do Estado. Houve reuniões com o ex-senador Armando Monteiro (PSDB), com o ex-governador Mendonça Filho (DEM), com a deputada estadual Priscila Krause (DEM), com o ex-prefeito de Garanhuns, Izaías Régis, com o deputado federal Ricardo Teobaldo (Pode) e com os prefeitos de Olinda, Professor Lupércio (SD), e Paudalho, Marcelo Gouveia (PSD).
"Eu vim ao Recife tratar de alguns assuntos relacionados à pandemia, algumas pendências com o Estado ligadas a leitos de UTI, e aproveitei para fazer algumas visitas. Algumas foram de cortesia, outras para a troca de experiências em diversas áreas", detalhou Miguel Coelho.