Covid-19

Estado não tem coragem de peitar João Campos, diz Miguel Coelho sobre vacinação no Recife

Prefeito de Petrolina fez duras críticas ao governo depois que o Recife decidiu iniciar a imunização de profissionais da educação. Estado teria pactuado com demais municípios que isso não ocorreria neste momento

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Renata Monteiro

Publicado em 28/04/2021 às 19:57 | Atualizado em 29/04/2021 às 14:18
NO JOGO Com um partido assegurado para lhe dar legenda, Miguel precisa convencer os demais prefeitos - JONAS SANTOS/PREFEITURA DE PETROLINA

Após a Secretaria Estadual de Saúde afirmar que a responsabilidade pela "organização do processo de vacinação" contra a covid-19 seria dos gestores municipais, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), retomou o assunto nesta quarta-feira (28) e disse que o Palácio do Campo das Princesas não tem coragem de "peitar" o prefeito João Campos (PSB). De acordo com o emedebista, na última segunda-feira (26) houve uma reunião entre o Governo do Estado, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e os secretários municipais de Saúde em que ficou pactuado que o avanço da imunização para outras categorias só iria ocorrer depois que todos os profissionais de saúde pernambucanos recebessem a vacina. Na terça (27), porém, o Recife anunciou o início da aplicação das doses nos profissionais da educação.

Durante o dia de hoje, o próprio Miguel e outros prefeitos de oposição cobraram explicações do Executivo estadual a respeito do ocorrido e acusaram a gestão Paulo Câmara (PSB) de privilegiar a vacinação na capital. Em resposta aos administradores, a SES disse que "o envio das doses das vacinas contra a covid-19 para os municípios pernambucanos é feito de forma equânime, tendo como base os cálculos populacionais dos grupos prioritários previstos no Plano Nacional de Imunização (PNI), do próprio Ministério da Saúde" e que "o avanço de etapas, dentro dos parâmetros do PNI, é possível de acordo com a realidade de cada território, a disponibilidade de doses e, principalmente, a organização do processo de vacinação, minimizando as perdas de doses e monitorando a evasão do público".

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Para Miguel, o texto reflete uma mudança de postura do governo Paulo Câmara (PSB). "O engraçado é que quando o prefeito João fala alguma coisa, o Governo do Estado muda a postura. Tem uma reunião gravada na última segunda-feira (26), com a presença do Ministério Público, onde o secretário estadual de Saúde, André Longo, foi categórico ao dizer que a vacinação só poderia avançar para qualquer grupo depois da integralidade da vacina para os profissionais de saúde de todo o Estado. Isso foi pactuado nessa reunião e a própria secretária de Saúde do Recife concordou com isso. Para a nossa surpresa e indignação, na terça-feira a capital tem um tratamento diferenciado", declarou.

O gestor afirmou, ainda, não concordar com o argumento usado pela SES para justificar o avanço da vacinação no Recife e disse que a situação foi provocada por falta de liderança do governo estadual, que não teria "pulso" para enfrentar a administração da capital. "O secretário estadual vai na televisão dizer que a distribuição (de vacinas) está sendo menor do que o esperado, que está faltando vacina pra todo mundo, e agora tenta jogar essa culpa pra cima dos prefeitos ou do governo federal? Isso é falta de liderança, é falta de pulso do Estado, que combina uma coisa, que faz acordo com todos os secretários municipais, mas pelo visto não tem coragem de peitar o prefeito da capital. Deve ser porque é do mesmo partido", observou o emedebista.

Ao JC, Miguel também relembrou a cobrança feita pelo MPPE à Prefeitura de Petrolina no mês de março, quando a gestão municipal decidiu iniciar a imunização dos garis da cidade, pois o grupo não estava na lista de prioridades do Ministério da Saúde naquele momento. "Agora o Recife faz isso e não vai ter nada?", questionou o prefeito.

PREFEITURA DO RECIFE

Ao Blog de Jamildo, a Prefeitura do Recife encaminhou uma nota nesta quarta justificando a ampliação do público-alvo da vacinação na capital. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), o início da aplicação das doses em trabalhadores da educação de 40 anos ou mais "foi possível pelo recebimento, na última sexta-feira 23/04, de uma nova remessa com 24.190 doses da vacina AstraZeneca e da previsão de chegada, na próxima quinta-feira (29/04), de 45.900 mil doses do mesmo imunizante, conforme a proporcionalidade que já vinha sendo adotada pelo Ministério da Saúde, por meio do PNI, desde o início da vacinação".

A pasta também informou que a imunização desse grupo foi debatida com membros do MPPE e do Ministério Público Federal (MPF) e que o movimentos será feito "em paralelo à imunização do grupo de recifenses com comorbidades, que será anunciada nos próximos dias".

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