BRASÍLIA

Lula está disposto a abrir mão de lugar nas chapas estaduais, diz Molon, do PSB, após reunião com o petista

Em Brasília, desde a segunda-feira (3), o ex-presidente Lula tem se reunido com parlamentares para tratar de uma agenda em prol do enfrentamento da covid-19, sem também deixar de articular os possíveis cenários que devem compor as eleições de 2022

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 04/05/2021 às 21:08
MIGUEL SCHINCARIOL/AFP
O ex-presidente Lula deve cumprir agenda em Brasília até esta quinta-feira (6) - FOTO: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP
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O périplo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Brasília, nesta semana, tem como foco promover a articulação junto a deputados e senadores para a construção de um bloco da oposição com objetivo de enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 2022. O líder petista, inclusive, declarou que seu partido está disposto a abrir mão de lançar candidaturas próprias em alguns estados, em prol dessa unidade partidária contra o bolsonarismo.

Nesta terça-feira (04), Lula se reuniu com o deputado federal e líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB). De acordo com o parlamentar, em entrevista ao JC, a conversa se deu em torno da situação que o Brasil se encontra diante das consequências impostas pela pandemia e a grave crise econômica. “Conversamos sobre a necessidade de se restabelecer o valor do auxílio emergencial de R$ 600,00 até o fim da pandemia para garantir uma vida digna aos brasileiros. “, afirmou o socialista.

No radar das eleições de 2022, Molon confirmou que o ex-presidente “está disposto a abrir mão de lugar nas chapas estaduais em favor de novos de outros partidos”, no entanto, não citou em quais estados essa possibilidade está sendo estudada.

“Falamos também da importância de derrotar o bolsonarismo em 2022, sobretudo em seu berço, o Rio de Janeiro. Para isso, é preciso construir uma frente ampla de partidos para a disputa eleitoral no estado, mesmo que esta aliança seja composta por partidos que apoiam diferentes candidatos à presidência da República”, declarou o parlamentar.

Questionado se a agenda de Lula teria contemplado encontros com a Executiva Nacional do PSB, o presidente da sigla, Carlos Siqueira, afirmou que não houve nenhum encontro até o momento, mas que considera a movimentação do ex-presidente como algo natural de quem “vai ser candidato”. O último encontro entre o ex-presidente e a cúpula do PSB ocorreu no dia 7 de abril, em formato remoto, e contou com a participação do governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Na ocasião, Lula já falava na construção de uma frente ampla para 2022.

Para o deputado federal pelo PSB de Minas Gerais, Julio Delgado, essa movimentação de Lula é vista como algo “inevitável” e que o líder petista tenta forçar a polarização desse cenário, em que para derrotar o presidente Bolsonaro, restaria a ele a “opção de salvador da pátria. “Não vejo dessa forma, acho que essa atitude não retira os equívocos que eles cometeram. Nós demoramos demais para romper essa polarização, acho que ele força com a pressão dos estados a relação que esses estados possuem. Realmente, se ele resolver Pernambuco, São Paulo e alguns outros estados, será uma situação muito difícil de reverter, mas sou da opção tentar procurar uma terceira via que fuja dessa polarização”, afirmou Delgado, em conversa com o JC.

CENÁRIOS

No tocante ao Rio de Janeiro, o PT estaria tentando trazer para o partido, o deputado federal pelo PSOL Marcelo Freixo, para que ele possa disputar o governo do estado. Nessa composição também é cotado o nome de Alessandro Molon para disputar a vaga ao Senado, pelo PSB. Ontem (3), o ex-presidente havia publicado, em suas redes sociais, o registro do encontro com Freixo, que também contou com a presença do ex-candidato à presidência, nas eleições de 2018, Fernando Haddad. “Já em Brasília. Acabo de me encontrar com o companheiro Marcelo Freixo. Conversamos sobre o futuro do Rio de Janeiro e do Brasil. E sobre a urgência do auxílio emergencial de R$ 600 pra combater o avanço da fome e a volta da miséria no nosso país”, declarou o petista.

 

O ex-presidente também se reuniu com o senador Fabio Contarato (PP-ES), a quem fez o convite para que se filiasse ao Partido dos Trabalhadores, para disputar o governo do Espírito Santo, atualmente comandado pelo governador Renato Casagrande (PSB)."Conversamos sobre o Brasil e Espírito Santo. Na pauta: a defesa do auxílio emergencial e o convite oficial para que o senador se some aos quadros do PT. O senador Humberto Costa (PT-PE) esteve presente na reunião. "Participei rapidamente da reunião com o senador Fábio Contarato, existe esse movimento para tentar trazê-lo para o PT. Foi uma boa conversa, mas não pude ficar até o final por causa das atividades ligadas a CPI da covid-19. Nós vamos ter uma nova conversa com o presidente para ouvir dele como foram esses diálogos aqui em Brasília", afirmou Costa. 

Em Pernambuco, as costuras do ex-presidente Lula também buscam avançar, entretanto, abrir mão de ter uma candidatura própria vai muito além do projeto nacional. No estado, o principal nome cotado para disputar a sucessão de Paulo Câmara pelo PSB, é o ex-prefeito do Recife e secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, que declarou recentemente ser a favor de uma candidatura própria do partido, ou de elevar a nível nacional a aliança do PDT - que tem como principal projeto, lançar Ciro Gomes novamente para a corrida presidencial. Essa corrente é endossada pelo prefeito do Recife, João Campos, que internamente se mostra resistente à aproximação com o PT.

 

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FLUMINENSE Marcelo Freixo ingressou no PSB com as bênçãos de Lula, mas PT mira frente ao centro - FOTO:RICARDO STUCKERT/DIVULGAÇÃO

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