CPI COVID-19

CPI da Covid: senador pernambucano diz que Bolsonaro está ''em pânico''

"Sinceramente não sei nem o porque, mas há alguma coisa que vamos descobrir e que deve está causando nele um terror'', afirmou o senador

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Estadão Conteúdo

Publicado em 05/05/2021 às 18:52 | Atualizado em 05/05/2021 às 20:15
"Acredito que ele (Bolsonaro) está muito perdido e muito preocupado com o que essa CPI pode revelar", disse Humberto Costa - WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO

O senador pernambucano Humberto Costa (PT), um dos 11 membros que compõe a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado Federal, avalia que as investigações com relação a atuação do governo federal no enfrentamento da pandemia, estão seguindo um ritmo positivo, apesar de ter considerada pouco produtiva a participação do segundo ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, nesta quarta-feira (5). A respeito da possibilidade de o presidente da República baixar um decreto de livre circulação, em crítica velada aos governadores e prefeitos que têm adotado medidas restritivas para conter a disseminação da covid-19, e sua fala de que o vírus da covid-19 poderia fazer parte de uma suposta guerra química, Humberto Costa comentou que Bolsonaro deve "estar em pânico". 

"Sinceramente não sei nem o porque, mas há alguma coisa que vamos descobrir e que deve está causando nele um terror. Ele tenta intimidar a CPI, hoje partiu para cima dos governadores, disse que vai editar um decreto e que vai ser obedecido. Atacou a China dizendo que o vírus faz parte de uma guerra bacteriológica, novamente criando dificuldade nesse nosso relacionamento. Então acredito que ele está muito perdido e muito preocupado com o que essa CPI pode revelar", disse o senador. 

Sobre Teich, Humberto Costa avaliou o depoimento "bem menos produtivo". "A saída dele se deveu ao fato de não aceitar a adoção de protocolos que envolvessem a cloroquina e outros medicamentos sem nenhum efeito sobre a covid-19. Ele também falou que não teve a possibilidade de colocar em funcionamento o plano que pretendia implementar", afirmou o senador, em entrevista a Rádio Jornal.

Ex-ministro da Saúde e oncologista, Teich atualizou a informação que havia dado à CPI, e confirmou que houve uma reunião com o presidente Bolsonaro a fim de tratar da recomendação para o uso da cloroquina. Antes, Teich tinha dito que não havia participado de nehuma reunião técnica sobre o assunto. "Teve reunião em que esse assunto foi falado. Se o senhor considerar isso uma reunião sobre o assunto, a resposta é sim", respondeu Teich ao relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-PE). "Em reuniões com ele presidente Bolsonaro eu falei sobre o remédio. Eu tinha minha posição clara, que eu não ampliaria o uso", completou.

De acordo com Humberto Costa, há uma grande expectativa com relação a participação do atual ministro da Saúde e médico cardiologista, Marcelo Queiroga, e o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra, que serão ouvidos na CPI nesta quinta-feira (5). O senador petista também afirmou à Rádio Jornal, que o depoimento de Luiz Henrique Mandetta trouxe informações importantes ao confirmar uma série de questionamentos a respeito da postura de Bolsonaro, além de relevar que seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) participaria ativamente das reuniões de combate ao novo coronavírus.

"Ele falou de todas as pressões que sofreu, da participação do ministro das Relações Exteriores (Ernesto Araújo), dos filhos do presidente, quer dizer, abriu alguns espaços importantes de investigação para a CPI", disse Costa. No caso do ex-chanceler, Ernesto Araújo, ele teria dificultado a relação do governo federal com o governo da China, junto com a participação dos outros filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ). 

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