Vinte dias depois do protesto contra Jair Bolsonaro e em favor de vacinas contra covid-19, no Recife, que foi dispersado de forma violenta pela Polícia Militar de Pernambuco, manifestantes voltas às ruas da capital, neste sábado (19), para pedir mais uma vez a saída do presidente da República do cargo.
Há expectativa pelo comportamento do Governo do Estado nos atos, visto que a última manifestação, em 29 de maio, terminou com ação truculenta da polícia, dispersando os manifestantes com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogênio. Na ocasião, dois homens que sequer participavam do ato, foram atingidos e perderam a visão dos olhos atingidos.
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Daniel Campelo, 51, e Jonas Correia, 29, foram cegados pelas balas de borracha disparadas na ocasião. Jonas descia a ponte Princesa Isabel levando carne moída para jantar. Viu a aglomeração e fez uma chamada de vídeo para a esposa, quando foi atingido. Daniel passou em um restaurante para cumprimentar amigos e quando se aproximou dos policiais ergueu as mãos. "Fiz isso para eles verem que eu não estava no protesto". De nada adiantou, ele também foi atingido.
Sobre o ato deste sábado (19), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já se pronunciou e expediu recomendação aos organizadores que se abstenham de qualquer tentativa de aglomeração, em respeito às normas sanitárias para prevenção de contágio ao novo coronavírus (covid-19).
As manifestações foram convocadas nas redes sociais pelas frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, além da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP). A concentração acontece às 9h, com concentração na Praça do Derby. Os grupos pretendem sair em caminhada pela Avenida Conde da Boa Vista em direção a Avenida Guararapes, local onde o Batalhão de Choque os esperava da última vez.
Após a ação do último dia 29 de maio, policiais foram afastados e houve troca tanto no comando da Polícia Militar quanto na Secretaria de Defesa Social. As investigações para apurar de onde partiu a ordem para a repressão e para encontrar os responsáveis pelos disparos vêm sendo conduzidas pela Polícia Civil e pela Corregedoria da SDS.