A permanência do MDB na Frente Popular de Pernambuco, capitaneada pelo PSB, não causa nenhuma surpresa aos socialistas, já que o partido acredita que o bolsonarismo poderá atrapalhar a oposição em 2022. "O projeto que se auto define como “novo” na verdade é o que se tem de mais antigo e atrasado na política de Pernambuco. É o projeto Bolsonarista versus aqueles que têm uma vida dedicada à consolidação da democracia no Brasil.", declara o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes.
“A direção estadual do MDB e suas principais lideranças são protagonistas históricos na defesa da democracia”, comenta o dirigente. Por nota, divulgada nesta terça-feira (13), o presidente estadual do MDB, o deputado federal Raul Henry, destacou que “há uma contradição intransponível” para a legenda não bancar a pré-candidatura do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, à sucessão estadual.
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“É pública a aliança política entre o grupo liderado pelo senador Fernando Bezerra Coelho e o presidente Bolsonaro. Enquanto a nossa trajetória é marcada pela defesa dos valores democráticos, o presidente, todos os dias, aumenta a escalada do seu discurso contra as instituições e a ordem democrática”, afirma Raul.
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De que forma isso poderá impactar o tabuleiro eleitoral para as próximas eleições, o discurso do PSB é de que não existe preferência por qual será o candidato a enfrentar, possivelmente, o ex-prefeito do Recife Geraldo Julio - cotado, inclusive pelo presidente estadual Sileno Guedes, como o nome mais indicado para a sucessão do governador Paulo Câmara.
Além de Miguel Coelho, os nomes dos prefeitos Anderson Ferreira (PL) e Raquel Lyra (PSDB) também estão colocados à mesa. “Qualquer candidato que for mais alinhado com Bolsonaro terá que defender e justificar as ideias e o gesto do presidente. Isso se contrapõe ao discurso do PSB e a sua forma de administrar o Estado”, avalia um socialista, em reserva.
Outro socialista, também em reserva, ressalta que na iminência da saída de Miguel do MDB, ele poderá continuar como pré-candidato, no entanto, em uma condição mais isolada, mostrando que seu projeto político “seria mais pessoal do que construído de forma coletiva”.
“Nós vemos esse posicionamento de Raul Henry como uma decisão muito importante. É um partido que esteve conosco nas últimas eleições e participa dos governos estadual e municipal. Agora, a saída de Miguel do MDB não quer dizer que ele não seja pré-candidato, mas dificulta mais a vida dele”, comenta o socialista.
Nos bastidores do PSB, o posicionamento do senador Fernando Bezerra Coelho como líder do governo federal, ocupando um papel importante no que chamam de “tropa de choque de Bolsonaro” na CPI da covid-19, mostra que ele estaria em “um caminho sem volta”, anulando qualquer possibilidade de voltar a integrar a Frente Popular, como estava sendo especulado. “Ele fechou as portas e agora encerra esse ciclo de especulação e o cenário para 2022 começa a ficar mais nítido”, observa um socialista, em reserva.
Outro ponto analisado, é que a batida de martelo do MDB de Pernambuco sobre continuar apoiando o PSB, favorece não só no sentido de garantir a legenda na base, mas significa garantir um bom tempo de televisão e rádio, na propaganda eleitoral.