Assim como os parlamentares pernambucanos que integram a Comissão Especial da PEC do Voto Impresso na Câmara, o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) rechaçou a narrativa de colocar em xeque a confiabilidade das urnas eletrônicas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus aliados.
"Eu, de forma muito objetiva, acho o seguinte: Se há provas de que em 2018 houve fraude, nós deveríamos antecipar a eleição, perde a legitimidade do meu mandato, do mandato de todos os deputados, do mandato do presidente Bolsonaro. A gente não pode estar em um mandato que foi conquistado através de uma urna fraudulenta. Porque se a urna tem fraude, Bolsonaro ganhou com fraude", afirmou o deputado, em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, na manhã desta sexta-feira (6).
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A PEC do Voto Impresso acabou derrotada nesta quinta-feira (5) na Comissão Especial, com 23 votos contra e 11 a favor. Os pernambucanos Carlos Veras (PT), Raul Henry (MDB) e Milton Coelho (PSB), titulares do colegiado, votaram todos contrários. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já sinalizou que poderia colocar a proposta em votação diretamente no plenário, mesmo com a rejeição na comissão.
Daniel Coelho diz acreditar que o presidente, na verdade, não tem intenção de aprovar o voto impresso no Congresso Nacional, pois poderia conseguir isso agora que fortaleceu o apoio do Centrão, com a nomeação de Ciro Nogueira (PP) como ministro da Casa Civil. A estratégia, segundo ele, é seguir com a militância mobilizada em torno do tema e levá-lo até a realização da eleição de 2022, desviando de outros mais urgentes, como a Reforma Tributária e o combate à pandemia.
"Bolsonaro mostrou de forma expressiva que ao comprar o Centrão, ele comprou a maioria congressual. E ele perde com os votos do Centrão contra o voto impresso. O que eu enxergo é Bolsonaro querer ter uma narrativa que é contra o sistema e por isso, combinado com esse Centrão que está no bolso dele, é que ele derrotou a matéria dentro da comissão. Bolsonaro não quer aprovar, ele quer manter uma narrativa", disse Daniel.
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Debate técnico
O presidente estadual do Cidadania defendeu ainda o debate sobre melhorias no sistema eleitoral brasileiro sob a perspectiva técnica. "Preocupa muito mais o caminho e a maneira do debate do que tecnicamente discutir se você vai criar um instrumento a mais de segurança ou não. Eu particularmente confio no sistema brasileiro, acho que quanto mais segurança melhor. Agora é evidente que nós não temos nenhum indício de fraude, até porque esse mesmo STF, com esta mesma estrutura, fez a última eleição e derrotou o PT. Porque é isso que diz o governo Bolsonaro, que o PT quer roubar a eleição.", apontou.
Para Daniel Coelho, o sistema com voto impresso iria provocar pedidos de recontagem que poderiam atrasar a divulgação dos resultados, e sem a garantir de lisura no processo. "Com o clima que está sendo criado, quem não tem compromisso democrático vai questionar eleição", disse. "A gente pode criar um tumulto parecido com o que ocorreu nos Estados Unidos. E veja que lá não houve espaço para Trump contestar o voto digitalizado, ele só contestou o voto de papel", argumentou Daniel.