O presidente do PTB em Pernambuco, Coronel Meira, um dos principais representantes do bolsonarismo no estado, rechaçou o voto do deputado federal Fernando Filho (DEM) contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Voto Impresso, rejeitada na terça-feira (10) no plenário da Câmara dos Deputados com 229 votos a favor e 219 contra. Seriam necessários 308 votos favoráveis.
"Conversei com várias lideranças políticas do país e recebi diversas ligações de conservadores de Pernambuco, que estavam, assim como eu, revoltados com o posicionamento contrário dos Coelhos, junto à pauta que defende a auditagem e mais segurança nas urnas eletrônicas do Brasil. É um absurdo que o filho do líder do Governo no Senado, atue contra o 'voto impresso', uma das bandeiras do Presidente Jair Bolsonaro em prol da lisura e da democracia nas eleições futuras em nossa Nação", afirmou Meira.
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Meira afirmou que a atitude do parlamentar vai dificultar o apoio da direita conservadora de Pernambuco ao seu irmão, o prefeito de Petrolina Miguel Coelho (MDB), que se coloca como pré-candidato a governador nas eleições de 2022. Ele esbarra, porém, na negativa do presidente do MDB em Pernambuco, Raul Henry, e tenta viabilizar a sua candidatura com o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, com quem se encontrou nesta quarta (11) em Brasília.
Fernando também é filho do líder do governo Bolsonaro no Senado Federal, Fernando Bezerra Coelho (MDB). "O prefeito Miguel Coelho vem há tempos tentando viabilizar sua candidatura junto aos conservadores, porém, sua família acabou de afundar qualquer pretensão de alinhamento com o presidente e a direita", apontou coronel Meira.
Dos 25 deputados federais pernambucanos, apenas cinco deles votaram a favor do voto impresso: André Ferreira (PSC), Ossésio Silva (Republicanos), Pastor Eurico (Patriota) e Ricardo Teobaldo (Podemos) e Fernando Rodolfo (PL). Fora Gonzaga Patriota (PSB) - que se ausentou da votação - os demais foram contrários às mudanças no sistema eleitoral.
"Esta PEC visa, fundamentalmente, aprimorar, assegurar que o voto do eleitor foi realmente para quem ele votou! Ficou feio para todos os parlamentares que foram contra", completou o presidente do PTB-PE.
Fernando Bezerra
Meira também não poupou críticas ao próprio Fernando Bezerra que manifestou "preocupação" em relação ao desfile das Forças Armadas na terça (10) na Esplanada dos Ministérios em Brasília, mesmo dia da votação da PEC do Voto Impresso.
Nas redes sociais, sem fazer menção direta ao desfile, o senador disse que não faltou a ele ou ao recém-empossado ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), "alertas e ponderações" para "evitar ambientes de radicalização"
"Estamos em trincheiras distintas, mas somos do parlamento brasileiro. Eu tenho uma história nesse Congresso Nacional, sou subscritor da Constituinte cidadã. Eu aposto na democracia, eu aposto no estado de direito democrático. É por isso que quero compartilhar as preocupações de todos que aqui reverberaram", disse FBC seu Twitter.
O presidente do PTB-PE classificou como lamentável a declaração do líder do governo no Senado, por supor que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estaria tentando intimidar o Congresso Nacional com o desfile.
"Como é sabido, a realização deste evento ocorre todos os anos, e que o referido ato estava marcado há muito tempo, porém, por coincidência, o desfile caiu no mesmo dia da votação da PEC do voto impresso, na Câmara. A verdade é que a oposição usou disso para fazer seus estardalhaços em forma de promoção política, se vitimizando e acusando o presidente Jair Bolsonaro como sempre fizeram. São uns irresponsáveis; é absurdo o que eles estão fazendo com o Governo e com a Nação", disse.
"O Bolsonarismo em Pernambuco não marchará com Miguel Coelho", finalizou Meira.