De passagem por Pernambuco em um giro que iniciou no último domingo (15) pelo Nordeste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou as mudanças promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no programa Bolsa Família, que passará a se chamar Auxílio Brasil. Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (16) o petista afirmou que ficará feliz se a população pobre do País puder receber mais dinheiro, mas disse que apenas mudar o nome de um programa social é "uma coisa pequena".
"Eu fico feliz se, de verdade, o povo possa receber um pouco mais de dinheiro. Mudar (o programa) de nome é uma coisa pequena. Se você não está bem com o seu marido, não é mudando de nome que você vai resolver o seu problema. Se o Bolsonaro não está bem na sua relação social, não é tentando mudar o nome de um programa social que vai melhorar. Eu jamais vou falar contra qualquer aumento que signifique melhoria na qualidade de vida do povo. O que vai acontecer e a grande lição que ele vai aprender é que o povo vai receber e vai votar contra ele", disparou Lula.
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No último dia 9, Bolsonaro entregou ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), a medida provisória que reformula o Bolsa Família, transformando-o em Auxílio Brasil. Na prática, a MP unifica em uma só iniciativa políticas públicas de assistência social, saúde, educação, emprego e renda, tendo como foco apoiar famílias no pós-Auxílio Emergencial. A mobilização do governo federal se dá em um cenário de quedas recorrentes na popularidade do presidente da República, sobretudo por conta da sua condução das ações relacionadas à pandemia de covid-19 no País.
Confira a entrevista coletiva na íntegra:
Na entrevista de hoje, Lula chamou atenção para o fato de que o militar da reserva poderia ter feito essas modificações há mais tempo e relembrou que, já durante a pandemia, o governo tentou distribuir um valor muito menor do Auxílio Emergencial do que o que, de fato, chegou às mãos dos brasileiros. "Não é possível brincar com a pobreza. Esse País brinca com a pobreza há 500 anos. (...) O Bolsonaro poderia ter feito isso há um bom tempo atrás. É importante lembrar que o PT está reivindicando através da nossa bancada um Bolsa Família de R$ 600. É importante lembrar que o Bolsonaro queria dar um auxílio emergencial de R$ 200, nós brigados para que fosse R$ 500 e ele deu R$ 600. Mas a briga foi da oposição no Congresso Nacional. Ele que tenha juízo e ajude esse povo a comer para o povo poder ter força para ir na urna e digitar o nome contra ele", cravou o petista.
EM PERNAMBUCO
Durante a manhã, Lula teve um compromisso no assentamento Che Guevara, do MST, em Moreno, na Região Metropolitana do Recife. No local, ele fez um rápido pronunciamento e disse que o Brasil precisa de um Estado forte, por isso "está na briga".
Ontem, depois de uma série de encontros com líderes de partidos de esquerda pernambucanos, o ex-presidente se reuniu com o governador Paulo Câmara (PSB) e com o prefeito do Recife, João Campos (PT). Oficialmente, o governador afirmou que, na ocasião, teve a oportunidade de "compartilhar nossas ações durante a pandemia, o nosso atual plano de retomada da economia e deixar claro que em 2022, precisamos de uma frente ampla do campo progressista para derrotar Bolsonaro e fazer o Brasil voltar a crescer".