O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse não ser sua prioridade eleger um governador aliado em Pernambuco nas eleições de 2022. Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (26), ele citou o nome do ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, como aliado no Estado, mas disse que o foco será eleger um senador e uma bancada de deputados federais.
"Não vou dizer que vou disputar a reeleição, até lá tudo pode acontecer. Um cargo como o meu precisa buscar aliados pelo Brasil, se bem que não tive em 2018, meu grande aliado foi o povo brasileiro. Tenho um ministro de Pernambuco, o Gilson Machado, uma pessoa que me traz informações do Estado, converso com ele, discutimos bastante, mas, caso dispute a eleição, tenho interesse em uma bancada de deputado federal e de senadores. Interessa governador? Interessa. Mas, ficaria em segundo plano, até porque não consegui, até o momento, um partido para dizer que vamos disputar as eleições. O nosso compromisso é esse, deixo o Governo do Estado para segundo plano", comentou Bolsonaro.
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Confira a entrevista com Jair Bolsonaro
A oposição ao PSB ainda não definiu quem vai disputar o Governo de Pernambuco em 2022, mas ao menos dois nomes cogitados tem boa relação com o governo Bolsonaro, o prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira (PL) e o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM). O grupo ainda pode lançar Raquel Lyra, prefeita de Caruaru, mas essa deve apoiar nacionalmente o candidato a Presidência de seu partido, o PSDB, que podem ser nomes como João Doria ou Eduardo Leite. Há ainda um grupo mais à direita, mais alinhado com Bolsonaro, e conta com nomes como Coronel Meira, Alberto Feitosa e o próprio Gilson Machado.
Transnordestina
Durante a entrevista, Bolsonaro também falou da Ferrovia Transnordestina e disse que o foco é não deixar a obra parada, mesmo que o trecho de Pernambuco não tenha segmento neste momento. Recentemente, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho disse que a obra da Transnordestina poderá ser relicitada, para que outra empresa toque e entregue a ferrovia.
"Quem fez o contrato com a concessionária da Trasnordestina não fomos nós (Governo Bolsonaro), administramos porque é uma obra do Brasil. Constatamos que a empresa tem dificuldade de tocar nas duas vertentes, para Pecém e Suape. Então, há negociação com a empresa para permitir que uma das vertentes mais adiantada tenha funcionalidade e, se a empresa não pode tocar a outra vertente, que ela entregue a quem possa", disse Marinho.
Bolsonaro explicou que a iniciativa privada visa o lucro. Assim, não depende de relações políticas a conclusão da obra em Pernambuco e, sim, do interesse da empresa concessionária. "Não é dinheiro do governo federal, são contratos que nós fazemos com a iniciativa privada e esta visa, obviamente, o lucro. Não visa o atendimento político de quem quer que seja. Eu me comprometo com vocês que vou entrar em detalhe sobre isso com a minha equipe. Está prevista, na minha Live hoje à noite, a presença do ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura. Ele vai tocar nesse assunto — ele está na minha frente aqui. Esse é um problema que se arrasta desde 2014 quando a obra foi paralisada. Faz sete anos e ela volta a andar agora. Nós queremos concluí-la e atender ao Nordeste. Agora, repito aqui, essas questões para atender politicamente não passam por nós. Passam pela iniciativa privada", comentou Bolsonaro.
Confira o que Bolsonaro disse sobre o assunto
No final de julho, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas anunciou que Pernambuco não teria mais um ramal da ferrovia. Segundo ele, não há viabilidade para fazer a conexão da ferrovia até Porto de Suape, por isso o governo deverá optar por construir, por enquanto, somente o trecho da ferrovia Transnordestina até o Porto de Pecém, no Ceará. “Foi um imbróglio que foi herdado, mais um problema de modelagem. Entendo que as duas ‘pernas’ não coexistem. Estou deixando claro para todo mundo que não tem demanda para o ramal de Pernambuco e para o ramal do Ceará”, ressaltou Tarcísio à época.
Hoje, Bolsonaro disse que o governo não tem o recurso suficiente para concluir a obra toda. "Não temos dinheiro. O orçamento do Tarcísio está na casa dos R$ 8 bilhões por ano, o que é muito pouco para o tamanho do Brasil. Esse valor caberia muito bem em um Estado como Pernambuco. Daria para atender basicamente muito bem o Estado e, talvez, sobrasse algum dinheiro. Agora, no Brasil como um todo, complica isso aí. Eu estou vendo o que o Tarcísio vai falar à noite. Sei que é uma ligação do porto de Pecém, no Ceará, ao de Suape, em Pernambuco. R$ 6 bilhões já foram executados. Faltam R$ 5 bilhões e não temos recursos para isso. É por isso que é um entendimento com a iniciativa privada. O que nós queremos é concluir. Se não for possível atender agora Pernambuco, atenderemos em outra oportunidade. Então, o ministro Tarcísio explica hoje à noite. Me desculpe, aqui, não poder entrar em mais detalhes do que já falei até agora", concluiu o presidente da República.