Após uma polêmica campanha que durou cerca de nove meses, o PSDB decide, neste domingo (21), o nome que poderá vir a representá-lo na disputa pela presidência da República em 2022. No páreo estão os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, além do ex-senador e ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
A decisão da sigla de realizar prévias foi tomada no primeiro semestre deste ano, após uma tentativa desastrada de Doria - então candidato natural para a corrida ao Palácio do Planalto - de tomar o comando do partido do pernambucano Bruno Araújo, expulsar o deputado federal Aécio Neves e iniciar sua pré-campanha. A consequência desse gesto foi o nascimento de um movimento de tucanos insatisfeitos com a atitude do gestor paulista, que solicitaram a entrada de Leite no circuito.
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Aos dois gestores, somaram-se em seguida na disputa o senador Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio, mas o cearense desistiu de participar do pleito algum tempo depois.
Do mês de março, quando o PSDB bateu o martelo quanto à realização das prévias, até agora, Leite, Doria e Virgílio rodaram todo o País, tanto para buscar votos entre os diretórios regionais da agremiação, quanto para se aprofundar com relação às características e necessidades de cada estado. Todos os candidatos passaram por Pernambuco e visitaram o Recife e Caruaru, cidade governada pela presidente estadual da legenda, Raquel Lyra, pré-candidata ao Palácio do Campo das Princesas.
Em meio ao périplo dos candidatos, momentos de tensão também foram registrados, como quando as campanhas de Doria e Leite trocaram acusações de fraudes no processo eleitoral do partido. Os governadores afirmaram que havia registros de adulteração na data de filiação de parte dos votantes, o que poderia beneficiar o adversário. Ambas as campanhas acabaram sendo punidas pela comissão de prévias com a proibição de votação dos envolvidos nas irregularidades.
No início do mês, durante a sua última passagem pelo Estado, Bruno Araújo ressaltou que a votação do PSDB é um fato político que marca não apenas os tucanos, mas também o processo eleitoral brasileiro, por contar com a participação de milhares de filiados. O dirigente partidário comemorou, ainda, o fato de que a movimentação na sigla terminou por colocá-la no centro do debate político nacional este ano, ação importante às vésperas de uma eleição presidencial.
"Se o PSDB não tivesse feito prévias esse ano ele teria desaparecido dos fatos políticos relevantes de outros partidos, que estão com os seus candidatos postos. O partido ocupou todo esse espaço desde abril deste ano, um espaço relevante na mídia nacional. Com a escolha do candidato, ele estará legitimado por uma expressiva participação do partido para liderar um processo fora desse campo dos extremos que se polarizaram no Brasil", observou o tucano.
Ainda segundo Bruno, como a ideia do PSDB é entrar na disputa pela presidência como parte de uma ampla frente de partidos, a sua sigla precisaria ter "humildade" para construir, junto com outras legendas que se opõem à polarização entre Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidnte Lula (PT), a chapa que irá às urnas representando o grupo.
"O provável, quando você prepara prévias como essas, é que você escolha um dos candidatos, uma pessoa que terá visitado entre 26 e 27 estados, e ele chegará mais legitimado e mais potente eleitoralmente do que praticamente qualquer outro candidato fora da polarização. Mas cabe a esse candidato e a esse partido ter a humildade de construir esse encontro com todo o conjunto de partidos políticos. A gente jamais poderia estar tendo essas conversas no âmbito nacional impondo um nome do PSDB", explicou.
Segundo o partido, 44,7 mil filiados se registraram para votar em todo o País. Cerca de 700 mandatários, entre governadores, senadores e deputados federais, poderão votar presencialmente em Brasília, em urnas eletrônicas cedidas e auditadas pela Justiça Eleitoral. Nos demais estados, só é possível votar através do aplicativo Prévias PSDB. O partido espera divulgar o resultado da votação algumas horas após o término do pleito.