Após passar por Garanhuns e Serra Talhada, Lula faz ato de pré-campanha no Recife, nesta quinta
A agenda de Lula na capital pernambucana inclui um encontro com representantes do setor cultural, almoço na casa do pré-candidato do PSB ao governo de Pernambuco, Danilo Cabral (PSB), e um ato público
Após passar por Garanhuns, no Agreste, e Serra Talhada, no Sertão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem, nesta quinta-feira (21), ao Recife, onde encerra seu giro por Pernambuco.
A agenda de Lula na capital pernambucana inclui um encontro com representantes do setor cultural, no teatro do Parque, pela manhã, um almoço na casa do pré-candidato do PSB ao governo de Pernambuco, Danilo Cabral (PSB), e um ato público previsto para as 17h, no Classic Hall, em Olinda.
Nesta quarta-feira (20), Lula iniciou sua agenda em Pernambuco visitando a réplica da casa onde nasceu e viveu até os 7 anos, em Caetés. Depois, ele participou de atos em Garanhuns e em Serra Talhada.
A passagem de Lula por Garanhuns e Serra Talhada
Em Garanhuns, no primeiro ato público de sua passagem pelo Estado, Lula enfatizou que o seu candidato a governador no Estado é Danilo Cabral.
"Eu vim aqui para dizer uma palavra. Ou melhor, uma frase. Eu tenho candidato a governador no Estado de Pernambuco que é o companheiro Danilo Cabral", cravou o ex-presidente, apoiado localmente também pelas pré-candidaturas de Marília Arraes (SD) e João Arnaldo (PSOL). Marília, aliás, tem aparecido em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de votos divulgadas nos últimos meses.
Sem citar a ex-petista, com quem possui boa relação, ou outro postulante a governador, Lula afirmou durante seu discurso em Garanhuns que não esquece dos seus deveres políticos por conta de afinidades pessoais.
"Eu não confundo a minha relação pessoal com a minha relação política. O PT tem um compromisso nacional com o PSB e eu sou do tempo de que não precisava documento. Era no fio do bigode. E eu quero cumprir o compromisso com o PSB e quero que o PSB cumpra o compromisso com o PT, porque se a gente não fizer assim, não criaremos base para construir uma coalizão capaz de ensinar à sociedade brasileira a conviver democraticamente na adversidade", pontuou Lula.
Após Lula destacar seu apoio ao pré-candidato socialista, Marília, por meio de nota, disse que "lamenta que o PSB submeta o presidente Lula a tamanho constrangimento em Pernambuco".
Além de Danilo Cabral, participaram da mobilização as pré-candidatas a vice-governadora e senadora na chapada Frente Popular, Luciana Santos (PCdoB) e Teresa Leitão (PT), respectivamente; o pré-candidato a vice-presidente de Lula, Geraldo Alckmin (PSB); o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), além de parlamentares e outros aliados do petista. Houve vaia do público a Danilo, Paulo e João.
Em Serra Talhada, Danilo reforçou sua aliança com o ex-presidente Lula, ressaltando como de costume em suas falas, a época em que o petista esteve à frente do governo federal, enquanto o ex-governador Eduardo Campos (PSB) administrava o Estado.
"Sonho em construir um Pernambuco mais igual, mais equilibrado. Um Pernambuco que olhe para o povo do interior, e aqui fala um filho do interior. Eu conheço os 184 municípios desse estado e tenho experiência, sempre fiz política presente na vida das pessoas porque foi isso que aprendi com Arraes e com Eduardo", declarou.
Na ocasião, Danilo ainda enalteceu a gestão do governador Paulo Câmara (PSB), que foi novamente vaiado ao ser citado. "Ele governou esse Estado no momento mais duro da nossa história, com crise da pandemia, crise econômica e social", afirmou.
Na cidade, ambém não faltaram recados aos pré-candidatos que usam a imagem do ex-presidente Lula nestas eleições.
Pré-candidata ao Senado, a deputada estadual Teresa Leitão (PT), que cometeu um ato falho e quase falou o nome da pré-candidata Marília Arraes em Garanhuns, adotou um tom mais crítico em Serra Talhada para deixar claro que Lula apoia apenas uma chapa.
"Vocês acham mesmo que um pernambucano, saído daqui, iria fazer com a gente uma discussão, que não colocasse em seu palanque um governador de confiança política, uma senadora de confiança política, uma vice governadora de confiança política, de competência técnica, para ajudá-lo a governar", disparou a petista. Teresa ainda finalizou sua fala pedindo para que as pessoas prestem atenção nestas eleições e "abram os olhos".
A vice-governadora Luciana Santos (PCdoB), oficializada nesta quarta-feira como pré-candidata a vice, na chapa liderada por Danilo Cabral, também não deixou de alfinetar outros palanques que também declararam apoio a Lula no Estado.
"Nós temos aqui o palanque da história, o palanque da verdade, o palanque que vai garantir que a Frente Popular caminhe a passos largos ao reencontro do país", disse.
Em Pernambuco, Lula não economizou nas críticas a Bolsonaro
Nas duas cidades, Lula não economizou nas críticas que direcionou ao presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário no pleito de outubro.
Segundo pesquisa PoderData realizada entre 17 e 19 de julho e divulgada nesta quarta, Lula venceria Bolsonaro no segundo turno com 51% dos votos contra 38% do militar da reserva.
"O genocida acabou com o Minha Casa, Minha Vida e prometeu o Casa Verde e Amarela. Eu quero dizer para ele que vocês vão ganhar essas eleições pra mim e nós vamos voltar a fazer o Minha Casa, Minha Vida, mas cada um vai pintar da cor que quiser. Pode pintar de vermelho, pode pintar de branco, de amarelo, de verde, pinta da cor que quiser porque esse País não tem uma cor só, esse País é multicolorido, nesse País cabem todas as cores que o mundo conseguiu produzir", disse o petista em Garanhuns.
O ex-presidente também afirmou que, mesmo estando 76 anos, se sente com a disposição de um homem de 30 e a paixão política de alguém com 20.
Lula falou que sonha em governar novamente para que o País volte a crescer como nos seus dois mandatos, possibilitando que todo brasileiro consiga fazer pelo menos três refeições todos os dias.
A respeito do imbróglio jurídico em torno do ICMS dos combustíveis, Lula disse que Bolsonaro "prejudicou" os governadores com a iniciativa e que a mudança deve prejudicar áreas como educação, pois os Estados terão menos receita para realizar investimentos.
"O presidente prejudicou os governadores com essa redução do ICMS. Vai faltar dinheiro para a educação e para a saúde. Esperem o próximo ano pra ver. Tudo isso para poder reduzir o preço da gasolina em 69 centavos. Mas ele poderia ter tido coragem e com a mesma canetada com que o Pedro Parente aumentou a gasolina sem pedir pra ninguém, ele reduzia a gasolina sem pedir pra ninguém. Acontece que pra fazer isso tem que ter coragem, pra fazer isso tem que ter discernimento, compromisso com o povo", declarou o ex-presidente, dizendo que se for eleito vai "abrasileirar" o preço dos combustíveis, impedindo que ele seja precificado com base no dólar.
A reunião entre o presidente Bolsonaro e embaixadores estrangeiros, na última segunda-feira (18), para falar sobre sua desconfiança sobre a segurança do sistema eleitoral brasileira, também foi alvo do discurso de Lula em Serra Talhada.
O petista questionou que se as urnas eletrônicas não fossem seguras, ele não teria sido eleito presidente da República.
"Nenhum embaixador levou a sério, porque a eleição no Brasil é modelo no mundo inteiro. Se pudessem roubar na urna eletrônica, vocês acham que o ‘Lulinha’ teria sido presidente em 2002, vocês acham que ele teria sido reeleito presidente em 2006?", questionou.
Alckmin
Durante o ato público realizado no município de Serra Talhada, Lula explicou para o público o que levou à sua aliança com o ex-governador de São Paulo e antigo adversário político Geraldo Alckmin.
O líder petista reconheceu que muitas pessoas estranham o fato de ter Alckmin - que já disputou a presidência da República contra o próprio Lula, em 2006, e com Fernando Haddad (PT), em 2018 - como seu pré-candidato a vice.
"Fui ler um livro de Paulo Freire e ele dizia que tem momentos na história, que a gente tem que juntar os divergentes para derrotar os antagônicos. E é isso que vocês têm que ver aqui no estado de Pernambuco", afirmou Lula, já emendando com a situação no Estado em que tem mais de um pré-candidato apoiando o seu projeto majoritário.