Em áudio vazado, Carlos Eduardo Machado, que integra a coordenação da campanha de Jair Bolsonaro (PL) em Pernambuco, defende a aliados bolsonaristas o nome de Raquel Lyra (PSDB). O empresário aparece tranquilizando uma interlocutora, garantindo que a candidata ao Governo não apoia Lula (PT) no segundo turno da eleição para a Presidência da República, reforçando seu compromisso com a neutralidade.
O áudio foi gravado após bolsonaristas se irritarem com Raquel Lyra por causa de um vídeo publicado por Ricardo Teobaldo (Podemos). Ao lado da tucana, o deputado federal reeleito pediu votos para a candidata ao Governo de Pernambuco e também para Lula. A gravação foi entendida como uma sinalização da tucana ao petista.
No áudio, Carlos Eduardo afirma que a vice de Raquel Lyra, Priscila Krause (Cidadania), vota em Bolsonaro, o que impediria qualquer chance de a chapa apoiar Lula na disputa contra o atual presidente da República. O intuito é agregar à tucana o eleitorado bolsonarista, o que ficaria inviabilizado num cenário de associação ao PT.
"Raquel não apoia Lula, está neutra. Priscila jamais apoiaria e já declarou voto em Bolsonaro, não existe isso. (...) Raquel esteve conosco ontem, mas tem gente que apoia Lula e estão com Raquel. (...) Ela não declarou apoio, não vai declarar nenhum dos dois candidatos a presidente", disse Carlos Eduardo Machado no áudio vazado.
Procurada pelo Jornal do Commercio, a equipe de Priscila Krause reafirmou que a candidata à vice-governadora não fez declaração alguma de voto, ou mesmo de apoio, a qualquer candidatura à Presidência da República. A ex-deputada estadual ainda frisou que ninguém está autorizado a falar por ela.
"Priscila Krause ratifica que segue a posição da candidata a governadora de sua chapa, Raquel Lyra, de seguir focando a campanha nos problemas e, sobretudo, nas soluções para Pernambuco. Dessa forma, portanto, ela não vai declarar seu voto para presidente da República, fazendo uma campanha independente e de união pela mudança verdadeira de que Pernambuco tanto precisa", diz trecho da nota.
O coordenador de campanha de Bolsonaro afirma que Raquel Lyra conseguiu angariar cerca de 70% do eleitorado bolsonarista em Pernambuco e aproximadamente 25% dos eleitores lulistas. Machado ainda acusa Teobaldo criar uma "saia justa" para a candidata ao Governo e cita que a ex-prefeita de Caruaru não pensou no que ouviu diante dos acontecimentos recentes na vida pessoal.
Procurada, a campanha de Bolsonaro em Pernambuco não desmentiu o áudio: se resumiu a afirmar que apenas Gilson Machado pode falar pelo presidente no estado. O ex-ministro do Turismo, candidato derrotado do PL ao Senado, assumiu o comando da campanha após o primeiro turno. Eduardo Machado, porém, continua na equipe da coordenação.
"Gilson Machado, coordenador da campanha presidencial de reeleição do presidente Bolsonaro, afirma, a respeito de áudios que tem circulado durante todo o dia de hoje, que nenhum outro membro da equipe de Pernambuco, tem procuração e/ou autorização para falar em seu nome sobre qualquer que seja o assunto, incluindo, conteúdos de teor político e apoios no cenário do presente segundo turno em questão, incluindo as realidades em nível estadual. As informações serão sempre divulgadas pelos meios oficiais de assessoria de imprensa e mídias pessoais e verificadas do próprio Gilson", diz a campanha de Bolsonaro, em nota.