Aliado de primeira hora da governadora eleita de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, afirmou à Folha de S. Paulo na última quarta-feira (9) que o partido não estará na base do futuro governo Lula (PT) nem aceitará cargos na gestão, mas está comprometido com a governabilidade. De acordo com o tucano, a ideia da sigla a partir do ano que vem é endossar iniciativas do Executivo que se alinhem com pautas defendidas pela legenda e enfrentar matérias de ordem econômica com as quais discorde.
Bruno, que é pernambucano, já foi deputado estadual, deputado federal, ministro das Cidades no governo de Michel Temer (MDB) e desde 2019 comanda o PSDB nacionalmente. Ao lado do governador eleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o dirigente partidário esteve ontem com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), para conversar sobre os rumos do partido de 2023 em diante.
"Recebemos um elegante convite de Alckmin. Estive lá com Leite, Ranolfo [Júnior, governador do RS] e [Reinaldo] Azambuja [governador do MS]. Foi uma conversa republicana. O vice-presidente eleito reafirmou a relação republicana que haverá com os governadores dos estados. Confirmamos a posição de que não faremos parte da base de apoio do governo do PT muito menos participar com cargos, mas teremos atitude de compromisso com a estabilidade e a governabilidade. Uma posição comprometida com o processo democrático e apoiando as bandeiras que nós acreditamos", disse Bruno Araújo, à Folha.
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Apesar de não ter cravado se o partido fará oposição ao governo petista, Bruno não descartou a possibilidade, mas declarou que ainda será necessário ouvir a cúpula da sigla antes de bater o martelo sobre o tema.
Na mesma entrevista, o pernambucano revelou que a federação PSDB-Cidadania está mantendo diálogo com a presidente do Podemos, Renata Abreu, para uma possível ampliação do grupo. Conversas com o MDB, antes cogitadas, teriam perdido força, revelou o tucano.
"Não estamos descartando a conversa com o MDB, mas neste momento parece mais sólida uma convergência em torno do diálogo com o Podemos", disse. "Ouvi as bancadas e membros da executiva e cada um tem sua ponderação: a eventual participação do MDB no governo Lula, eventuais conflitos regionais", completou Bruno.
O presidente do PSDB também confirmou que convidou Eduardo Leite para sucedê-lo na presidência do partido, mudança que pode iniciar o processo de pavimentação do caminho do gaúcho rumo à disputa presidencial de 2026. "Meu convite se intensificou em encontros nesta semana e, de forma coletiva, nós levamos o convite, quase que uma convocação a Eduardo para que aceite essa missão, com a alma da renovação deste segundo turno. Tivemos longas conversas em grupos importantes no partido e achamos que era razoável aguardar o tempo dele. Estamos na expectativa de que ele possa vir a aceitar. Com a sinalização positiva, haverá convergência", garantiu.
Na ocasião, Bruno Araújo também falou sobre a senadora Simone Tebet (MDB), nome que o PSDB apoiou no segundo turno e hoje é cotada para assumir um ministério no futuro governo Lula. "Um grande quadro, fez uma bela eleição. E agora entramos em novo ciclo político", disparou.