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Túlio Gadêlha reconhece decisão da federação e garante apoio a Dani Portela, mas espera mudança do PSOL

Deputado federal disse esperar mudança de postura do PSOL em relação ao seu grupo. Túlio também falou sobre sua relação com Raquel e PDT.

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Rodrigo Fernandes

Publicado em 22/07/2024 às 13:06
O deputado federal Túlio Gadêlha - Rodrigo Fernandes/JC

O deputado federal Túlio Gadêlha (Rede) reconheceu que está de fora das eleições 2024 no Recife e afirmou que vai apoiar a candidatura de Dani Portela (PSOL) à prefeitura do Recife, anunciada no último sábado em convenção da federação Rede/PSOL

"Estou fora [das eleições no Recife]. Fui pré-candidato, coloquei minhas ideias, projetos, ouvindo a população. Mas é preciso entender que, na federação, o PSOL é maior do que a Rede, o PSOL detém esse poder decisório. Havendo essa legitimidade do PSOL decidir, o PSOL decidiu pela candidata Dani e são as regras do jogo democrático", afirmou Túlio, em entrevista coletiva concedida na manhã da segunda-feira (22), no Recife.

O parlamentar, contudo, também disse esperar uma mudança no posicionamento do grupo da deputada estadual em relação a ele e ao grupo que ele defende dentro da Rede.

"O PSOL não acolheu os candidatos da Rede na convenção. Conversei com 11 candidatos e eles fizeram queixas, não se sentiram acolhidos. Acho que, se somos federação, por mais radical que seja o PSOL, tem que haver um tratamento humano", disse o deputado.

"Temos candidatos que defendem a pauta da inclusão, da sustentabilidade, as comunidades da periferia. O PSOL precisa tentar dialogar com o campo mais amplo e respeitar os que pensam diferente. A gente vê isso na direção nacional, mas não vê na direção local aqui em Pernambuco. Acho que o radicalismo tem prejudicado muito o crescimento do partido no estado", acrescentou.

Convencão

Contrariando a versão apresentada pelo PSOL, Túlio afirmou que se inscreveu para a convenção local.

"Me inscrevi, tenho e-mails de que me inscrevi. A gente se inscreveu no prazo da convenção aqui e nacional, como a resolução da federação diz: 'em caso de impasse na escolha do candidato a prefeito, caberá à Executiva Nacional discutir a prioridade das suas candidaturas'", afirmou.

Convenção da federação Rede/PSOL confirma Dani Portela como candidata no Recife - Reprodução/Redes Sociais

O deputado também contou que apresentou alternativas para a realização da disputa interna da candidatura na federação. Na regra atual, a quantidade de delegados é proporcional à votação da última eleição municipal, realizada em 2020. Ele queria utilizar os números da votação de 2022.

"Em 2020, o PSOL fez 36 mil votos e a Rede fez 600 votos. Mas em 2020 eu estava no PDT. O nosso grupo político não estava na Rede. Então fizemos um pedido formal para que se usasse o resultado das eleições de 2022, quando eu era da Rede e a gente conseguiu 200 mil votos e o PSOL 201 mil, e então teríamos 49,5% dos delegados. Seria um debate justo. Mas essa foi a escolha democrática de Dani, de um colégio eleitoral definido. Também sugerimos fazer uma prévia com os filiados ou uma pesquisa até o final do prazo de convenção", contou.

"Como as três propostas democráticas que eu sugeri não foram aceitas, eu não vi sentido em fazer parte de uma convenção com cartas marcadas. Somos minoria e sabemos qual resultado seria. Mas mesmo assim, não topando, o PSOL tem a legitimidade de escolher a companheira Dani, que terá o meu apoio", afirmou o deputado.

Relação com Raquel

Tulio negou que a relação com a governadora Raquel Lyra (PSDB) tenha prejudicado a decisão pelo nome dele junto à federação.

"Eu apoiei João Arnaldo (PSOL) nas eleições de 2022. No segundo turno, eu tinha que escolher entre Marília e Raquel, entre PSDB e Solidariedade. Escolhi a candidata que parecia mais preparada nos debates, isso é consenso até dentro do grupo de Marília. Mas não faço parte do governo Raquel, não tive apoio da governadora na pré-campanha nem pretendia ter, mas acho que a gente precisa dialogar com o governo se a gente quer reeleger o presidente Lula", justificou.

O deputado aproveitou a questão para lembrar que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) também teve encontro com Raquel Lyra.

"Não sei o conteúdo da conversa, mas veja a grandeza do deputado Guilherme Boulos, conversando com uma governadora do PSDB. É esse tipo de postura que eu espero do PSOL de Pernambuco, o diálogo para a gente construir consensos, mesmo próximos daqueles que pensam diferente da gente", completou.

Túlio também apostou que a governadora poderá sair do PSDB em breve, passando a integrar a base lulista: "ela é uma pessoa que respeita a democracia, que está em partido de centro-direita e a gente precisa dialogar com essa turma para vencer a extrema-direita no Brasil. Se pudesse fazer aposta, apostaria [que Raquel iria] para o PSD, que é um partido da base do presidente Lula".

Volta ao PDT

Túlio negou que esteja planejando retornar ao PDT, sigla que deixou em 2021, e garantiu permanência na Rede, embora tenha feito um trabalho de fortalecimento do seu ex-partido em Pernambuco.

"Continuo na Rede, vamos eleger 30 vereadores. Nosso mandato foi bem avaliado nos últimos cinco anos pelo Congresso em Foco, em votação popular. O PDT é um partido que tem uma história belíssima e minha formação política vem do trabalhismo, do socialismo. Tenho uma relação muito boa com o PDT, mesmo tendo saído do partido, deixei amigos de muita confiança", afirmou.

"O PDT tem passado por um momento de desestruturação completa. O pedido do presidente Lupi foi para que a gente pudesse restabelecer o PDT no estado, e assim temos feito, temos aproximado pessoas e fortalecido esses projetos".

Túlio negou que a culpa dessa "desestruturação" do PDT seja atribuída a Wolney Queiroz, dirigente estadual do partido.

"A culpa não é do próprio Wolney, mas para ter um partido forte você precisa estar em constante diálogo com a cidade, com as bases, movimentos sociais, Talvez tenha faltado isso um pouco na direção do partido. Não do próprio Wolney, que é um grande gestor, com tradição política muito grande, mas faltou a ele dirigentes com ele que pudessem fazer esse trabalho de base".

Ele negou que essa aproximação seja prejudicial para sua imagem dentro da Rede. "A Rede tem a compreensão de que é um partido aliado do nosso campo e precisamos fortalecer esse campo. Fazemos um trabalho de enfrentamento à extrema-direita, então todo movimento nesse sentido é necessário", disse Túlio, afirmando que a Rede poderia se federar ao PDT no futuro.

"O PDT está nesse mesmo campo [ideológico]. Mas isso não depende de mim, é da direção nacional da Rede", declarou.

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