Procuradores-gerais de vários estados dos Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (18) a abertura de uma investigação conjunta para determinar se a Meta, empresa-mãe do Instagram, promoveu o aplicativo para crianças estando ciente de possíveis efeitos nocivos sobre os menores.
O gigante das redes sociais enfrenta uma de suas mais graves crises de reputação desde que uma denunciante vazou milhares de documentos internos segundo os quais executivos da empresa sabiam do potencial nocivo de seus sites, provocando um novo impulso para a regulação da rede social nos Estados Unidos.
"Facebook, agora Meta, não tem conseguido proteger os jovens em suas plataformas e em seu lugar optou por ignorar ou, em alguns casos, redobrar manipulações que representam uma ameaça real para a saúde física e mental: explorar as crianças a fim de obter lucro", disse a procuradora-geral de Massachusetts, Maura Healey, em um comunicado.
A investigação tem como objetivo "examinar escrupulosamente como esta empresa interage com os usuários jovens, identificar qualquer prática ilegal e pôr fim aos abusos", detalhou.
Ela é conduzida por representantes dos estados de Nova York, Colorado, Califórnia, Flórida, Kentucky, Nebraska, Nova Jersey, Tennessee e Vermont.
A ideia é revelar, entre outras coisas, as técnicas da Meta para aumentar a frequência e a duração da participação dos usuários jovens e os danos resultantes, explicou o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta.
A iniciativa segue "relatos de que uma investigação interna da própria Meta mostra que o uso do Instagram está associado a um maior risco de danos à saúde física e mental dos jovens, incluindo depressão, distúrbios alimentares e até suicídio", enfatizou Bonta.
"Essas acusações são falsas e demonstram um profundo desconhecimento dos fatos", respondeu a empresa em um comunicado.
Em maio, os procuradores-gerais de 44 estados tinham enviado uma carta ao CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, pedindo que abandonasse seu projeto de criar uma versão do Instagram para menores de 13 anos.
Eles mencionaram pesquisas que mostram uma correlação entre o uso das redes sociais e o "aumento da angústia psicológica e da conduta suicida entre os jovens".
O grupo abandonou sua iniciativa em setembro diante de múltiplas críticas.
Semanas depois, durante uma audiência dedicada ao impacto do Facebook e do Instagram nos usuários jovens, a denunciante Frances Haugen criticou os métodos que levam os adolescentes a usarem o Instagram em altas doses ao ponto de frequentemente desenvolverem formas de dependência.
Haugen havia vazado anteriormente para legisladores e jornalistas documentos do Facebook que colocaram a empresa em apuros, incluindo alegações de que Zuckerberg cedeu diante dos censores estatais no Vietnã e detalhes de como a plataforma alimenta o ódio para manter os usuários engajados.
O gigante digital mudou seu nome para "Meta" em outubro, na tentativa de superar os escândalos e focar em sua proposta de um futuro de internet dominado pela realidade virtual.
Haugen disse à AFP que os mais jovens têm mais motivos do que ninguém para pressionar as empresas de redes sociais. "Quero começar um movimento jovem" nesse sentido, afirmou, acrescentando que aqueles que cresceram online não devem se sentir tão "impotentes" diante das redes.
A matemática e especialista em dados de 37 anos acredita que seu papel é simplesmente dar o pontapé inicial em uma reação da juventude, imaginando-a como um movimento baseado nas universidades. "Quero fornecer ferramentas" para estarem cientes dos efeitos perigosos das redes sociais, declarou.
Haugen está há dois meses no centro das atenções por suas alegações de que o Facebook prioriza os lucros à segurança das pessoas.