Buscas no Google revelam estratégias de desinformação na reta final das Eleições Municipais do Recife

Desinformações e denúncias eleitorais figuram entre os principais assuntos relacionados às pesquisas pelos prefeituráveis da capital de Pernambuco
Débora Oliveira
Publicado em 26/11/2020 às 16:21
Na maioria das vezes, o tempo que levamos para desmascarar uma fake news é o mesmo de uma pesquisa rápida no Google Foto: Foto: AFP/Miguel Schincariol


As buscas pelos nomes de João Campos e Marília Arraes tiveram um crescimento considerável no Google em comparação com os meses anteriores às eleições municipais. Na semana após o primeiro turno, cerca de 60% das buscas eram pela candidata petista, enquanto 40% procuravam pelo nome do candidato psbista. Desinformações e denúncias eleitorais figuram entre os principais assuntos relacionados às pesquisas pelos prefeituráveis do Recife.

Reprodução/Google Trends - Entre 15 e 23 de novembro, o nome de Marília Arraes teve um pico de popularidade. Acesso 26/11/2020. Link bit.ly/2V2NGSy

O foco de interesse pela candidata do PT, nos últimos sete dias, está relacionado à “bíblia”, principal termo procurado no Google durante o período, enquanto o “Programa Universidade para Todos-Prouni” se junta aos termos em ascensão com aumento repentino, que representa um assunto cuja frequência de buscas aumentou de forma considerável em relação a pesquisas anteriores.

Ambos estão relacionados a desinformações espalhadas sobre a candidata em panfletos apócrifos e a jingles da campanha adversária. Na última segunda-feira (23), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) decidiu por manter a decisão favorável à petista de retirar inserções de rádio e TV da campanha de João Campos cujo conteúdo afirmava que Marília queria o fim do Prouni e seria contra a bíblia.

Outro assunto que marcou as buscas da última semana por Marília Arraes está relacionado à acusação de “improbidade administrativa” feita pelo Ministério Público de Pernambuco contra a candidata. O termo teve um crescimento de quase 5,000% de interesse. Junto aos cinco assuntos em ascensão também se encontram o nome do órgão público e a palavra “ateísmo”. A acusação de improbidade administrativa marcou o último embate entre os prefeituráveis do Recife realizado na TV Jornal.

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Os termos “pirulito” e “BR 232” representam os dois assuntos em ascensão na última semana que envolvem pesquisas por João Campos, seguidos por “TV Clube” e “TV Jornal”, emissora que realizaram os últimos debates entre os candidatos. As buscas por “pirulito” viralizaram após Marília Arraes afirmar que “a Prefeitura não é pirulito para dar a um menino”, ao se referir indiretamente à idade do adversário, de 26 anos, no debate realizado pela TV Clube.

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As últimas horas

De acordo com dados do Trends, o foco de interesse por João Campos desde o dia de ontem estão atreladas aos assuntos “grau de parentesco”, “justiça”, “guerra” e “terceirização”. Este último termo aparece marcado como “aumento repentino”. A viralização veio após a denúncia pública feita pelo Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere) de que professores, gestores e terceirizados estariam sendo pressionados pela Prefeitura do Recife a votarem em João Campos. Em publicação, a entidade afirma que protocolou nesta-quinta (26) a denúncia no Ministério Público Federal para a Procuradoria Regional Eleitoral.

Entre as pesquisas por Marília Arraes no último dia, os cinco principais assuntos em ascensão são relacionados aos termos “diálogo”, “polêmica”, “panfleto”, “aborto e “vice-prefeito”. A candidata foi acusada pela vereadora eleita Michelle Collins (PP) de defender o aborto e “as drogas”. Nesta quarta-feira (25), a Justiça Eleitoral emitiu decisão favorável à candidata petista em relação a acusação de que a mesma teria furtado a bíblia pertencente a câmara municipal do Recife, feita por Michelle Collins. Segundo a decisão, a vereadora não pode mais divulgar a notícia difamatória sobre a candidata, e caso o faça pode pagar uma multa de até 100 mil reais.

Até a tarde desta quinta-feira (26), o nome de João Campos aparece nos Trendings Topics do Twitter em Recife, com mais de 20 mil postagens. Em tweets irônicos, usuários divulgam falsas propostas e/ou acusações sobre o que o candidato fará caso seja eleito.

Marília Arraes é o que de João Campos?

As perguntas mais imputadas no Google sobre ambos os candidatos questionam a relação familiar entre os dois, que são primos de segundo grau. Marília é filha do administrador de empresas Marcos Arraes de Alencar e neta do ex-governador do Estado, Miguel Arraes de Alencar, que também é avô do também ex-governador Eduardo Campos, pai de João Campos.

Processos na Justiça

A campanha eleitoral teve início no dia 27 de setembro na internet. A partir do dia 9 de outubro, foi permitida a veiculação de propagandas na TV aberta e rádio. Desde o início do primeiro turno, ambos candidatos já entraram com mais de 100 processos na Justiça Eleitoral contra disseminação de desinformação pessoal.

Até a data do primeiro turno, a coligação do psbista havia entrado com 56 processos na justiça eleitoral que faziam menção à divulgação de conteúdos inverídicos, enquanto a coligação da candidata petista havia entrado com 12 ações. Para o segundo turno, houve uma inversão de cenários, segundo dados repassados à equipe do Confere.ai pelo Tribunal Eleitoral Regional de Pernambuco (TRE-PE).

>> João Campos e Marília Arraes entram com mais de 100 processos na Justiça Eleitoral por "fake news"

Confere.ai

A desinformação pode vir de ambos os lados. Não deixe de checar as informações sobre o seu candidato e o candidato adversário, mesmo que pareçam confiáveis e corroborem com ideias que você concorda. Para checar textos e links que receber, utilize o Confere.ai. A ferramenta é a primeira plataforma de verificação automática de conteúdos do Nordeste. A ferramenta utiliza técnicas de inteligência artificial para detectar se uma notícia possui características de uma desinformação. Para utilizá-la, é simples: basta acessar ‘www.confere.ai’ e colar o link ou texto a ser checado. Você receberá como resposta o nível de desinformação presente no conteúdo checado, que pode ir de mínimo - selo para links ou textos com poucos indícios de serem enganosos - a crítico, para notícias com muitas características de desinformações.

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