Com menos de um minuto de duração e com o tema "para mim todo mundo pode amar", a campanha publicitária da rede de fast food Burger King Brasil para o mês do orgulho despertou reações diversas nas redes sociais. Com intuito de incentivar o respeito a diversidade de orientações sexuais e de identidades de gênero, ação promocional da empresa apresenta depoimento de crianças sobre a existência de pessoas LGBTQIA+ e de relacionamentos homoafetivos.
Entre aqueles que não apoiaram a ideia, surgiram comentários depreciativos e de ataque à empresa e a Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Travestis, Queers, Intersexuais e Assexuais e demais integrantes da sigla LGBTQIA+. Lançada na quinta-feira, 24, a campanha vem sendo alvo de uma onda de ódio desde então.
O vídeo mostra que no depoimento das crianças, a orientação sexual das pessoas não faz diferença para o modo como elas enxergam as pessoas. "Se elas podem, vocês podem", diz a frase final da campanha. Um dos entrevistados no vídeo da empresa diz que quando ele vê um homem de mãos dadas com outro ele vê apenas um homem de mãos dadas com outro homem.
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De acordo com a empresa, a ação publicitária foi feita sem nenhum roteiro e teve apoio de especialistas em Psicologia e diversidade para entrevista com as crianças. O objetivo era registrar, da forma mais espontânea possível, a perspectiva infantil quanto ao amor e ao respeito a toda comunidade LGBT+. O norteador da campanha é a frase "como explicar isso para as crianças?" e suas derivações utilizada para tentar justificar ações de discriminação contra população LGBTQIA+.
"Doutrinação", "destruição da infância", "absurdo", "falta de respeito" foram algumas das expressões usadas para atacar a campanha. Mensagem desejando a falência da marca, tentando organizar boicote aos produtos da empresa, além de ameaças de processo e ataques a lojas da companhia foram registradas nos comentários da campanha.
A empresa pontua ainda que a ação publicitária trata-se de uma ferramenta de suporte na sensibilização e abordagem da diversidade para as crianças e mostra que a interpretação de mundo das crianças permite o vislumbre de um futuro mais tolerante e plural, "tendo o respeito como premissa básica". A reação, por parte de muitos adultos, porém, foi na direção contrária.
Alguns usuários chegaram a marcar os perfis do Conselho Tutelar, do Governo Federal e do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), pedindo de providências fossem tomadas contra a empresa devido à campanha. Ataques e ofensas ao público LGBTQIA+ de forma geral também se fizeram presentes na onde de ódio movida em direção ao Burger King.
Resposta
Em nota, a empresa pontua que não mudará seu posicionamento de respeito e inclusão já assumidos publicamente. "Na semana que celebra o Dia Mundial do Orgulho LGBTQIA+, a companhia convida todas as pessoas a repensarem a forma como a diversidade é abordada dentro da sociedade, afinal, se as crianças conseguem explicar esse assunto de forma tão simples e empática, os adultos também conseguem", completa comunicado sobre a campanha.
“O lançamento dessa campanha tem como objetivo endereçar um ponto de reflexão a população em geral. O preconceito é uma construção social e, com toda a responsabilidade que nos cabe enquanto companhia, conseguimos mostrar que os pequenos carregam o discernimento a partir de um olhar muito sensível e humano”, reforça Juliana Cury, Diretora da Marca Burger King do Brasil.
Em parceria com a ONG Mães Pela Diversidade, o Burger King lançou ainda uma cartilha com dicas e instruções para as pessoas que desejarem conhecer mais e se aprofundar na temática. O conteúdo é aberto, gratuito e pode ser baixado no site da empresa, aqui. (https://burgerking.com.br/diversidadebk).