Satélites chineses e europeus podem ajudar a detectar manchas de óleo

Ex-presidente do INPE diz que governo federal poderia acionar ajuda internacional
Da editoria de Cidades
Publicado em 25/10/2019 às 7:00
Ex-presidente do INPE diz que governo federal poderia acionar ajuda internacional Foto: Foto: Leo Motta/JC Imagem


“O que nós vemos nesse governo (Jair Bolsonaro) é falta de conhecimento ou de vontade para utilizar os meios disponíveis e atuar em casos de desastres naturais, como o derramamento de petróleo na costa nordestina”. A colocação é do cientista e ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ricardo Galvão, que participa hoje na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) do evento Amazônia, no auditório do Centro de Ciências Exatas da Natureza (CCEN).

O professor do Instituto de Física da USP explica que o INPE não dispõe de satélites com tecnologia para detectar as manchas de óleo no mar, mas que o governo poderia ter acionado parceiros internacionais para auxiliar no mapeamento e ajudar a conter o impacto do desastre sobre as praias nordestinas. “As imagens de satélite que o INPE está acostumado a usar conseguem detectar desmatamento na terra. Para perceber as manchas no mar é preciso ter um satélite de radar e o Brasil não tem esse equipamento. Apesar disso, o INPE tem acordos com a Agência Espacial Européia e com o Instituto de Pesquisa da China. Os chineses, por exemplo, dispõem de vários satélites de radar simplesmente para monitorar o oceano”, destaca.

INTERNACIONAL

O cientista também observa que em casos de desastres naturais os países costumam recorrer ao International Charter, um consórcio de instituições e agências espaciais que fornece dados orbitais para gestão de desastres naturais em todo o mundo. O Brasil pode acionar o sistema a pedido do Ministério da Defesa ou Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Na cheia do Rio Madeira (entre os Estados de Rondônia e Amazônia), em 2014, o Charter foi acionado.
Na última quarta-feira, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez pronunciamento oficial dizendo que a dificuldade de acionar os satélites para observar as manchar era o fato de que elas aparecem a cerca de 1,5 metro da superfície do mar.

Ricardo Galvão explica que mesmo sob essa condição é possível mapear. “De fato é mais difícil, mas esses satélites de radar usam diferentes faixas de freqüência para detectar esse tipo de acidente no mar. São satélites que usam a freqüência Banda X, com possibilidade de alcançar até pouco mais de um metro, sim. O que se percebe é que o governo não está bem articulado e que não soube utilizar os recursos de que dispunha nem de reunir a comunidade científica capaz de estudar o desastre e buscar as soluções”, pontua.

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