Vaticano recebe pedido de abertura do processo de beatificação de dom Helder Camara

Expectativa agora é pela autorização da abertura do processo
Do JC Online
Publicado em 27/03/2015 às 17:39
Expectativa agora é pela autorização da abertura do processo Foto: Foto: ABr


Dom Helder Camara está mais perto de tornar santo. Menos de um ano depois do pedido de abertura do processo de beatificação do ex-arcebispo de Olinda e Recife, conhecido como ''irmão dos pobres'', a Cúria Romana emitiu seu primeiro parecer. O pedido foi enviado a Roma pelo arcebispo de Olinda e Recife dom Fernando Saburido em junho do ano passado.

Segundo carta expedida pelo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal dom Angelo Amato, não há nada contra a solicitação enviada por Saburido. A expectativa agora é pela autorização da abertura do processo em nível diocesano, dependendo, apenas, do posicionamento de outros dicastérios. Com o aval do Vaticano, dom Helder será nomeado Servo do Senhor.

A etapa seguinte consiste em reconhecer suas “virtudes heróicas”. Para isso, uma comissão jurídica se reunirá para estudar os textos publicados em vida e analisar os testemunhos de pessoas que conheceram o Dom da Paz. Para ser proclamado santo é imprescindível a comprovação de um milagre, que deve ocorrer após sua nomeação como beato. Após o processo de beatificação, é feita a canonização.

PERFIL

Dom Helder Camara nasceu em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, capital do Ceará, e se tornou padre aos 22 anos. Com a morte do arcebispo de Olinda e Recife, é mandado para Pernambuco, onde desembarcou em 12 de abril de 1964, poucos dias após o golpe militar. Na capital pernambucana, o religioso desembarcou em meio a uma relação conturbada entre Governo do Estado e Igreja.

Dois dias após a posse, dom Helder lançaria, juntamente com outros 17 bispos nordestinos, um manifesto à Nação, pedindo liberdade das pessoas e da Igreja. O primeiro grande atrito, entretanto, ocorreu em agosto de 1969, quando o arcebispo foi acusado de demagogo e comunista, por ter criticado a situação de miséria dos agricultores do Nordeste.

A partir de então, dom Helder sofreu represálias, inclusive com sua casa metralhada, assessores presos e com a morte de Padre Antônio Henrique, que foi assassinado. Em 1970, quando dom Helder teve o nome lembrado para o Prêmio Nobel da Paz, o governo brasileiro promoveu uma campanha internacional para derrubar a indicação, já que ele denunciava a prática de tortura a presos políticos no Brasil. Também em 1970, os militares chegaram a proibir a imprensa de mencionar o nome do Arcebispo de Recife e Olinda.

Dom Helder comandou a Arquidiocese de Olinda e Recife até o dia 10 de abril de 1985, quando – por atingir a idade limite de 75 anos – foi substituído pelo arcebispo dom José Cardoso Sobrinho.  Ele morreu em sua casa, no Recife, em 27 de agosto de 1999, devido a uma insuficiência respiratória decorrente de uma pneumonia. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Catedral São Salvador do Mundo, em Olinda.

Pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos, dom Helder recebeu vários prêmios internacionais, como Martin Luther King, nos Estados Unidos, 1970, e o Prêmio Popular da Paz, na Noruega, 1974.  O religioso é autor de 22 livros, a maioria ensaios e reflexões sobre o terceiro mundo e a Igreja.

 

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