Quem caminha sem pressa na cidade do Recife deve ter percebido, aqui e acolá, placas de azulejo bem delicadas afixadas em muros ou paredes para identificar nome de ruas. Identificar só, não. Os quadradinhos de cerâmica também informam a moradores e visitantes quem era a pessoa que batizou a via e a origem daquela denominação.
A ideia é do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) e vem sendo colocada em prática desde meados de 2015. Por enquanto, há dez painéis instalados nos bairros das Graças, Espinheiro, Boa Vista e Santo Antônio, demarcando oito ruas. “Eu procuro o proprietário do imóvel, explico o projeto e peço autorização para colocar a placa”, diz o advogado e sócio do instituto Sílvio Amorim.
O texto gravado nos azulejos contém informações básicas sobre a pessoa ou o lugar, como se vê na Rua Marquês do Recife, em Santo Antônio, no Centro. Agora, o público está sabendo que o marquês se chamava Francisco Paes Barreto (1799-1848), era pernambucano do Cabo de Santo Agostinho, grande proprietário de terras, ministro do Império e participou de vários movimentos políticos.
“Trabalho aqui há 20 anos e não sabia quem era o Marquês do Recife, até colocarem a placa. Muito legal essa iniciativa. É uma coisa importante para a cidade”, declara o flanelinha Valmir Pereira de Lira. “Belíssima, interessante e informativa”, acrescenta Arlete Moreira, moradora do bairro do Espinheiro, na Zona Norte, referindo-se ao painel da Rua Barão de Itamaracá.
Antigo endereço do compositor Lourenço da Fonseca Barbosa, o popular Capiba (1904-1997), a Barão de Itamaracá presta homenagem a Antônio Peregrino Maciel Monteiro (1803-1860). O homem que virou nome de rua era médico, poeta, escritor e diplomata. E fundou a Sociedade de Medicina de Pernambuco.
“Todas as ruas do Recife deveriam ter uma placa assim, de bom gosto e que, ao mesmo tempo, ornamenta e educa. Esse projeto poderia ser estendido a outras áreas”, declara a fotógrafa Luciana Suassuna, ao comentar as peças colocadas nas Ruas da Amizade e das Pernambucanas, nas Graças. Nesses dois casos, apenas com o nome das vias, do IAHGP e do patrocinador.
APOIO
Sílvio Amorim avisa que o instituto pode providenciar o painel de azulejo para identificar qualquer rua da cidade. Mas não é a entidade quem banca a confecção. “Cada placa tem um apoio cultural, a pessoa ou empresa que financia a produção e a instalação. Estamos à espera de colaboradores para expandir o projeto”, declara. A pesquisa histórica é feita pelo IAHGP.
Criada em 1862, a entidade funciona no sobrado de número 130 da Rua do Hospício, no bairro da Boa Vista. A via, no século 18, era um caminho na margem do Rio Capibaribe e a denominação está vinculada a um pequeno convento (hospício) onde frades se hospedavam, no passado. Todas essas informações estão no painel colocado na fachada do prédio, que também inclui a imagem do convento.
“É uma forma de embelezar a cidade e divulgar informações históricas e culturais”, diz Sílvio Amorim. Ele se inspirou em placas semelhantes que viu nas ruas de Lisboa e do interior de Portugal, em viagem ao país europeu. Informações sobre o projeto podem ser obtidas pelo número 99133-7881.