Em Palmares, distante 120 quilômetros do Recife, a segunda-feira começou com prejuízo e faxina. Em várias ruas do Centro e dos bairros de Cohab e Pedreiras e no distrito de Santo Antônio de Palmares – os mais atingidos pelo temporal do fim de semana – o que se viu foi muita gente com vassouras, rodos e baldes tirando a lama de lojas e residências. As vias públicas também estavam tomadas pelo rastro de destruição causado pela chuva, embora nem de perto parecido com o das enchentes de 2010 e 2011.
Sofás, cadeiras, carcaças de televisão, roupas, livros, eletrodomésticos e outros pertences foram colocados no lixo. “Perdi muita coisa. Foram três guarda-roupas, um conjunto de sofá, dois beliches, geladeira, cômoda e armário perdidos. Salvamos documentos, uma televisão e roupas. A Defesa Civil demorou a dar o alerta para que saíssemos de casa. Confiamos e terminamos prejudicados, pois não deu tempo de tirar quase nada”, lamentou o encarregado de obras José Fernandes, morador do Centro, enquanto limpava o imóvel.
Na residência dele, localizada na Rua Benigno de Barros, moram cinco adultos e quatro crianças. A água atingiu 1,20 de altura. A marca está nas paredes da frente e de dentro da residência. “Estamos na casa de um irmão meu até que tudo volte ao normal. Agora é trabalhar para comprar as coisas novamente”, disse José. Em 2010 e 2011 sua família não sofreu com as enchentes, pois morava em outro local.
As aulas em todas as escolas de Palmares, públicas e privadas, foram suspensas. Quatro colégios (dois municipais e dois estaduais) estão sendo usados como abrigos. “O município não estava preparado para essa enchente porque tínhamos certeza de que não haveria mais alagamentos na cidade por causa da Barragem de Serro Azul. Também não recebemos nenhum alerta da Defesa Civil do Estado”, afirmou o prefeito, Altair Júnior (PMDB). Segundo a gestão, a cidade tem 8 mil pessoas desalojadas e 800 desabrigadas.
DESLIZAMENTOS
Em Ribeirão, uma das preocupações é com o deslizamento de barreiras. Também com o fornecimento de água, interrompido domingo. A prefeitura contabilizou 313 casas atingidas por queda de barro. Dessas, há 49 condenadas pela Defesa Civil municipal. Outros 590 famílias sofreram com água dentro das residências. “Moro no bairro de Bandeirante. Lá uma barreira atingiu sete casas. Por sorte não houve feridos, mas um homem ficou com barro até o pescoço”, afirmou o funcionário público Edelvaci Silva.
Cinco das nove escolas municipais foram transformados em abrigos. As aulas estão suspensas para 6 mil alunos, de acordo com a secretária municipal de Educação, Carolina Jordão. Nas Escolas Municipais Maria Cícera e Sônia Lustosa há 136 pessoas de cerca de 30 famílias. A maioria reside no bairro de Beira Rio.
Roseane Oliveira, o marido e quatro filhos dividem o espaço de uma sala de aula, desde domingo, com outras cinco famílias, na Escola Maria Cícera. “Ficou tudo destruído. Só fiz chorar quando vi o estrago. Só tiramos os documentos de casa”, comentou Roseane.
Em Água Preta, cerca de 200 famílias, em torno de 800 pessoas, ficaram desabrigadas. Segundo o secretário de Governo, Articulação e Defesa Social, Guilherme Coutinho, esses moradores estão alojados em escolas públicas e igrejas e a prefeitura vem realizado um grande mutirão de limpeza.
“Há muitas vias destruídas, as ruas estão cheias de crateras e nos locais mais baixos da zona rural solicitamos ajuda ao Corpo de Bombeiros para atuar de barco. Também estamos pedindo ajuda para alimentos, roupas e remédios.”