O governo de Pernambuco apresentou hoje (2) o balanço dos estragos ocorridos com o grande volume de chuva que atingiu o estado, sobretudo no último fim de semana. As informações foram apresentadas a parlamentares federais e estaduais pernambucanos, em reunião no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, nesta manhã. Também foi anunciado que o cadastramento das famílias para recebimento de benefícios como auxílio-moradia começará na próxima segunda-feira (5).
De acordo com o balanço, 276 casas foram destruídas e 5.251 habitações foram danificadas. Em relação ao número de desalojados e desabrigados, a contabilidade atualmente é de 46.131 pessoas. De acordo com o governo estadual, o número já foi maior e agora está regredindo, porque muitas pessoas que deixaram suas casas temporariamente, por causa da inundação, estão retornando.
A prioridade de atendimento será para as pessoas desabrigadas que perderam suas casas definitivamente e estão em áreas vulneráveis, segundo o secretário de Planejamento e Gestão, Márcio Steffani. “Quem teve a casa destruída, não podemos de jeito nenhum deixar que elas voltem”, diz. Ao todo, 82 abrigos em 11 municípios alojam 3.081 pessoas desabrigadas. O cadastramento das famílias, a ser iniciado na segunda, ainda não teve seus detalhes definidos.
Em relação a prédios públicos da área de saúde, seis hospitais municipais e 60 postos de saúde foram danificados. Na parte de educação, 112 escolas municipais estão sem condição de funcionamento. Das 10 escolas estaduais sem aulas, uma está condenada, sete estão com problemas de infraestrutura e três foram usadas como abrigos. Outros prédios públicos atingidos incluem quatro delegacias e duas cadeias e 15 centros de Referência da Assistência Social (CRAS).
Também houve estrago em rodovias e acessos à zona rural. Segundo os dados, 50 rodovias tiveram pontos danificados e 276 pontes e passagens molhadas (construídas sobre córregos intermitentes) foram danificadas. Quatro municípios estão com acesso precário à sede, e 13 cidades têm acessos a distritos rurais prejudicados ou interrompidos.
Em relação ao abastecimento de água nos municípios atingidos, ainda restam 11 sistemas a serem reparados. Outros 23 já voltaram a operar. Nove municípios com operação da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) apresentam problema. Outras oito cidades que operam seus próprios sistemas foram atingidas e fizeram convênio com a empresa estadual para fazer o reestabelecimento.
O fornecimento de energia elétrica foi retomado em todos os municípios, embora ainda existam regiões às escuras nos municípios de Água Preta, Sirinhaém, Gameleira, Belém de Maria e Palmares. A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) trabalha para retomar a normalidade.
Além dos danos a estabelecimentos públicos e privados, a fase pós-enchente deixa um rastro de sujeira e entulho nas ruas. O governo estadual informa que está ajudando os municípios disponibilizando 69 máquinas para remover destroços, 21 carros-pipa e cerca de mil kits de limpeza.
Para alimentação e outras necessidades básicas, também há distribuição de kits. São 5.855 conjuntos de dormitórios e 5.785 colchões. Até ontem, a Central de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa) distribuiu mais de 73,5 quilos de comida; 39,2 mil litros de água; 10,8 mil pães; 18,5 kg de roupa e 15,6 mil quilos de material de limpeza.
Empresas privadas e a sociedade civil também estão contribuindo. Há pontos de coletas de donativos em diversos pontos de Pernambuco. O trabalho dos presidiários também está ajudando as vítimas do desastre: eles produzem 10 mil pães por dia para distribuição nos municípios.
Também foi informada a situação atual em relação ao clima e ao nível dos rios. Nas últimas 12 horas, ocorreram chuvas de intensidade fraca no Agreste e fraca a moderada na Zona da Mata Sul. Havia o risco de chuva forte, mas o governo do estado informou que as nuvens previstas enfraqueceram antes de chegar na região. O município onde mais choveu ontem foi Gameleira, com 50 milímetros de chuva.
Sobre o nível dos rios, foi informado que apenas o Rio Ipojuca tem a tendência de ultrapassar o nível de alerta. Escada e Panelas estão ainda em alerta, mas descendo, e o restante está abaixo da cota de risco.