Ao contrário do que afirmou a Polícia Civil – que os dois PMs envolvidos no caso da morte de Edvaldo da Silva Alves, 21, assassinado em Itambé, na Zona da Mata pernambucana, não passaram por treinamentos – a Polícia Militar de Pernambuco garantiu que ambos fizeram cursos de capacitação. A corporação afirmou que o “caso lamentável ocorrido em Itambé foi um fato isolado, longe de representar a técnica e o preparo da tropa, assim como o serviço prestado pela PM à sociedade”, destacou, em nota.
“O capitão Ramon Cazé tem capacitação no curso Uso progressivo da força. Já o soldado Ivaldo Souza Júnior tem na sua formação, quando no ingresso nas fileiras da corporação, as disciplinas direitos humanos, prevenção, mediação e resolução de conflitos, aspectos jurídicos da abordagem policial e uso progressivo da força”, complementou a assessoria de comunicação da PM.
“Essas e outras capacitações, com destaque para direitos humanos, um pilar da formação militar, visam à preservação da vida e do bem-estar das pessoas, com a garantia da ordem e da tranquilidade”, registrou a nota.
O presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, Darci Frigo, disse que vai cobrar ao Ministério Público de Pernambuco um posicionamento para que a investigação seja aprofundada e “não fique como mais um caso em que houve uma violência gratuita e um resultado impune”, comentou sobre o Caso Itambé. Em abril, o conselho emitiu nota pedindo ao governo estadual apuração do caso e punição dos responsáveis.
A coordenadora-executiva do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Edna Jatobá, se disse preocupada com a conclusão da Polícia Civil de que os PMs não tinham preparo. “É uma irresponsabilidade o Estado permitir que policiais manuseiem armas sem estarem preparados. Vamos observar que medidas o governo vai tomar”, comentou.
"É preocupante saber que PMs estão na rua sem o necessário treinamento para usar equipamentos”, afirmou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco, Ronnie Duarte
O vice-presidente da Associação de Cabos e Soldados, Nadelson Leite, disse que não há capacitação continuada para os PMs. “Esse crime de homicídio deveria ser imputado ao governo de Pernambuco”, sugeriu.