Frente promete mobilização contra aumento de tarifa de ônibus

Empresários querem 11,02% de aumento das passagens. Proposta será analisada na sexta
Cidades
Publicado em 09/01/2018 às 6:48
Empresários querem 11,02% de aumento das passagens. Proposta será analisada na sexta Foto: Guga Matos/JC Imagem


Mesmo recebendo um subsídio anual de R$ 240 milhões do Governo do Estado, os empresários de ônibus do Grande Recife querem um aumento médio de 11,02% das tarifas, este ano. A avaliação da proposta será feita em reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), na próxima sexta-feira, na sede da Secretaria das Cidades, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, a partir das 8h. A Frente de Luta pelo Transporte Público promete reagir com um protesto em frente ao local para barrar o reajuste.

Pela proposta do empresariado, a tarifa do anel A – utilizado por 84,9% dos passageiros – subiria de R$ 3,20 para R$ 3,55. Já o valor do anel B pularia de R$ 4,40 para R$ 4,90; o do D, de R$ 3,45 para R$ 3,85; e o do G, de R$ 2,10 para 2,35. Comumente, o Grande Recife Consórcio de Transporte, gestor do sistema, apresenta um índice menor. No ano passado, o pedido para aumento de tarifa foi de 33,9% e foi dado 14%.

No site do órgão (que não quis se pronunciar diretamente), foi divulgada a planilha do sistema, o requerimento dos empresários e um estudo de recomposição tarifária, que não esclarece qual reajuste o governo defende. Nas considerações para o cálculo do índice a ser divulgado na reunião, contudo, além do aumento dos insumos e queda de passageiros, o Grande Recife salienta fatores que reduziriam o impacto da elevação dos custos do setor.

O documento cita que as empresas recebem subsídio e isenções que totalizam R$ 240 milhões ao ano (entre concessões, gestão e fiscalização, terminais integrados, estações de BRT, linhas alimentadoras, isenção de ICMS do óleo diesel e veículos novos e passe livre). Além disso, não cumpriram a meta de adquirir 467 novos ônibus (foram renovados 380) e houve redução do fator de utilização dos cobradores em 10%. E também não contrataram o seguro de responsabilidade civil aplicado na tarifa anterior, no valor de R$ 895,10, descontado do cálculo deste ano, cotado pelo Grande Recife num valor bem mais caro, de R$ 2.098,08.

MOBILIZAÇÕES

Representante dos estudantes no Conselho Metropolitano, Márcio Morais diz que vai defender aumento zero e tarifa única. “Todo ano o governo bota um percentual menor para iludir a população, mas sabemos que há acordo prévio”, acusa. “Vamos nos mobilizar para barrar esse aumento abusivo”.

O conselheiro lembra que as empresas estão em débito com a população. “Elas não renovaram a frota, não colocaram ar-condicionado nos veículos nem contrataram o seguro, como ficou acordado nos dois últimos aumentos. E o governo continua com subsídios e não concluiu o processo de licitação”.

O advogado Pedro Josephi, um dos coordenadores da Frente de Luta pelo Transporte Público, lembra que os contratos licitados deveriam ser revistos este ano, o que poderia implicar em um congelamento ou até em uma redução de tarifa, conforme avaliação do desempenho delas. “Vamos pressionar o governo, a inflação foi de apenas 4%, a proposta é fora da realidade”, diz.

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