As obras do Centro Comercial do Cais de Santa Rita, no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife, só devem ficar prontas no fim deste semestre. A prefeitura, responsável pelos serviços que se arrastam há anos por falta de verbas, afirma que o centro, que abrigará 400 comerciantes, é uma importante resolução para outro entrave: as obras de requalificação do entorno do Mercado de São José. Em 2016, o Recife iniciou as intervenções para recuperar piso e oferecer acessibilidade no entorno do mercado, mas as obras nunca foram concluídas, porque os ambulantes precisavam ser realocados para o Cais.
Em setembro do ano passado, a primeira etapa, que compreende uma área de 817 metros quadrados, foi entregue aos ambulantes. A estrutura conta com 40 boxes de alimentação e venda de coco. A segunda parte, que ainda está em obras, terá 100 boxes de roupas e outras 110 bancas de feira de alimentos.
A terceira e última etapa terá 148 boxes, entre fiteiros, estivas e outros tipos de alimentos, como charque, frios e grãos em geral, além de 12 boxes de fornecedores da feira e outros 20 de alimentação. Além do novo centro comercial do Cais de Santa Rita, está em fase de conclusão a obra dos anexos do Mercado de São José, que abrigarão outros 100 vendedores de ervas e especiarias.
A comerciante Maria Ferreira é uma das que já trabalham no espaço novo. Antes, passou 22 anos vendendo lanches no entorno do Mercado de São José. “Hoje temos limpeza, banheiros e um espaço bonito para recebermos os clientes”, elogiou. O movimento, porém, caiu. “Está muito fraco, porque as pessoas eram acostumadas a comprar lá.”
A queda nas vendas é uma preocupação dos outros vendedores. Maria de Lourdes Amorim vende frutas ao lado do Mercado de São José há 30 anos e está apreensiva. “Vai todo mundo morrer de fome. Já tentaram, há alguns anos, levar a gente para lá e não deu certo. Se antes, que não tinha metrô e todo o movimento se concentrava naquela área, não funcionou, imagina agora. Para ela, será necessário controle por parte da gestão municipal, para que outros ambulantes não ocupem o local. “Aqui, se tirar um, vêm 100 para pegar o lugar.”
Secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, João Braga garantiu que isso não irá acontecer. “Essa possibilidade é zero. Nosso compromisso é claro: não haverá concorrência para os ambulantes fora do pátio. Foi assim em Beberibe, em Água Fria (na Zona Norte da cidade) e será assim no Cais de Santa Rita. Foi um investimento muito alto, então haverá fiscalização”. Para tirar as obras do papel, foram necessários cerca de R$ 6 milhões. A maior parte – R$ 5,3 milhões - foi garantida através de parceria com a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Estado, em 2017.
Com a parte física concluída ainda no primeiro semestre, a prefeitura espera realocar todos os comerciantes até o fim do ano. Não há previsão, porém, para a retomada das obras do entorno do Mercado de São José.