As chuvas que castigam o Grande Recife desde a última quinta-feira aumentaram o volume de alguns dos principais reservatórios de água do Estado. Mas se engana quem pensa que isso trouxe alívio para quem sofre sem abastecimento. De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), as Barragens de Duas Unas, em Jaboatão dos Guararapes, Várzea do Una, em São Lourenço da Mata, e Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, foram impactadas pelas chuvas. A última é uma das mais importantes na Região Metropolitana do Recife.
Localizada em Jaboatão, Duas Unas contribui com o Sistema Tapacurá e atende as cidades do Recife, Jaboatão , Camaragibe e parte de São Lourenço da Mata. Antes das chuvas, o volume estava em cerca de 30% da capacidade, de 15.709 metros cúbicos. Ontem à tarde, o percentual estava em mais de 74%.
Pirapama, que atende as cidades do Recife, Cabo e Jaboatão, tinha cerca de 40% de seus 58.436 metros cúbicos de capacidade antes das precipitações. Agora, o percentual subiu para 61%. Ainda no Grande Recife, a Várzea do Una, que atende São Lourenço da Mata, também foi impactada pelas chuvas da última semana. Antes, estava com 33% da capacidade, que é de 11.568 metros cúbicos. Agora tem mais de 43%.
“As chuvas chegaram atrasadas este ano, o que contribui para um aumento ainda discreto em algumas barragens. Por enquanto, não é motivo de preocupação. Entendemos que pode ter havido um deslocamento do período chuvoso”, explicou o gerente de monitoramento e fiscalização da Apac, Gilberto Queiroz.
Apesar do aumento no nível das barragens, as melhorias não devem chegar às torneiras dos pernambucanos em um primeiro momento. De acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) “não há previsão de mudança do calendário de distribuição nas áreas onde há rodízio do abastecimento”.
Em nota, a companhia justificou que Duas Unas é uma barragem pequena, quando comparada a outras, como Pirapama e Tapacurá. Quanto ao aumento do volume de Pirapama, a Compesa afirmou que “várias localidades do Recife, do Cabo de Santo Agostinho e de Jaboatão dos Guararapes, já recebem água diariamente”. Ainda sobre a situação dos reservatórios, a companhia salientou que “as barragens não atingiram seus níveis máximos e que é preciso preservar o volume acumulado para os próximos verões”.
Moradora do Curado 3, em Jaboatão dos Guararapes, a doméstica Elaine Amâncio, 62 anos, diz que há meses não tem água nas torneiras, mesmo quando chove e o nível das barragens aumenta. “Há 15 dias não chega nada por aqui. Quando vem, dura meia hora e acaba novamente. A situação é essa há meses, em toda a rua. Não é pontual. Nesses últimos dias, os moradores têm usado a água da chuva em casa.”
No Agreste, segundo a Apac, as chuvas impactaram a Barragem do Prata, localizada em Bonito e que atende Caruaru, Altinho, Ibirajuba, Cachoeirinha e Agrestina. O volume aumentou em 12%. De acordo com a Compesa, também não há previsão de alteração no abastecimento dessas regiões.
Segundo a Apac, a tendência é de que as chuvas diminuam a partir de hoje. O alerta de precipitações com intensidade de moderada a forte continua mantido até as 9h de hoje para o Grande Recife e a Zona da Mata. Essas regiões têm sofrido em consequência do fenômeno chamado distúrbio ondulatório de leste, ou onda do leste, comum nessa época do ano.