O Banco Europeu de Investimentos (BEI) vai oferecer apoio técnico e financeiro ao projeto Parque Capibaribe, da Prefeitura do Recife. O projeto recifense foi um dos cinco escolhidos entre mais de 140 trabalhos de todo o mundo para receber um financiamento de 300 mil euros, cerca de R$ 1,37 milhão, que faz parte do Desafio das Cidades para o Clima Global (GCCC). O dinheiro será destino à realização de projetos dentro do Parque Capibaribe.
O projeto, apresentado pelo prefeito Geraldo Julio (PSB) na Conferência das Partes da ONU sobre o Clima (COP25), que aconteceu em Madri, focou na reabilitação e expansão do parque urbano, com o objetivo de melhorar a mobilidade sustentável, reduzir o risco de inundações e o impacto das ondas de calor, além de contribuir para a redução de emissão de carbono.
Os projetos escolhidos pelo GCCC se concentram em ações críticas sobre o clima urbano, incluindo a melhoria da gestão de resíduos, a redução da poluição dos rios e dos oceanos, o transporte urbano sustentável, o esverdeamento de espaços urbanos e o aumento da resiliência urbana aos efeitos das mudanças climáticas.
Parque Capibaribe é um projeto de 30 quilômetros de extensão ligando a Várzea à Boa Vista cortando 21 bairros do Recife. A proposta original, desenvolvida por técnicos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), prevê a construção de 12 passarelas ligando as duas margens do rio, a instalação de mirantes para dar acesso ao curso d’água e a disposição de alamedas e ruas-parque ladeando o Capibaribe.
O Parque Capibaribe é o ponto de partida para que o Recife se torne uma Cidade-Parque em 2037, quando o município comemora 500 anos.
A primeira etapa do parque, o Jardim do Baobá, foi entregue em 2016. Também já foi concluída a revitalização da Praça Otávio de Freitas, no Derby, dentro do conceito do Parque. Em obras desde junho de 2017, a Via Parque das Graças, terceira etapa do projeto, deve ser inaugurada no segundo semestre de 2020.
A obra de implantação da via-parque das Graças, na Zona Norte do Recife, está novamente paralisada. Moradores da área informam que o serviço vinha sendo realizado a passos lentos e foi suspenso há cerca de 30 dias. A via-parque prevê a ocupação de um trecho de 950 metros de extensão de margem do Rio Capibaribe, entre as Pontes da Torre e da Capunga, com píer, brinquedos infantis, espaço para cães, pergolado com espreguiçadeira, área coberta com mesas e bancos, mirante e faixa para carro compartilhada com bicicleta.
Iniciada em junho de 2017, a intervenção ribeirinha corresponde a mais uma etapa do projeto Parque Capibaribe. O prazo para execução seria de 18 meses, mas pouco tempo depois de começar a fazer a obra, o consórcio vencedor da licitação desistiu do contrato. Somente em março de 2019, com a escolha de outra empresa, a construção foi retomada e a expectativa da Prefeitura do Recife seria entregar a nova área de lazer da cidade em setembro de 2020.
De acordo com a Autarquia de Urbanização do Recife (Urb), foram abertas duas frentes de trabalho da via-parque nesses sete meses. A primeira, entre as Ruas Medeiros de Albuquerque e Manoel de Almeida, recebeu ações de drenagem, assentamento de piso intertravado e colocação de estacas. Na segunda área, entre a Rua das Pernambucanas e a Ponte da Capunga, a firma contratada conseguiu fazer drenagem e aplicação de piso intertravado.
“Desde o início dos serviços foi detectado um não cumprimento dos prazos por parte da empresa, que vem atuando em ritmo muito aquém do previsto em contrato”, informa a Urb, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa. Procurada durante dois dias (segunda, 25, e terça-feira, 26), a autarquia optou por não indicar um técnico para explicar o problema.
Na mesma nota, a assessoria de imprensa acrescenta que “a Urb enviou duas notificações extrajudiciais para a construtora responsável, solicitando a retomada do cronograma de obra” e que “a autarquia está abrindo um processo administrativo com objetivo de apurar o descumprimento do contrato.” O orçamento inicial da via-parque das Graças, de R$ 26.574.446,75 em 2017, precisou ser atualizado e chegou a R$ 32.383.232,15 este ano. Os recursos são do governo federal.
Com a verba, a prefeitura pretende construir um mirante no fim da Rua Dom Sebastião Leme, fazer o espaço para cachorros (parcão) nas imediações da Rua Oswaldo Salsa, colocar o pergolado com espreguiçadeira próximo da Ponte da Torre e instalar outra área coberta com mesas e bancos para o lazer perto da Ponte da Capunga.
Também abrirá faixa única de 4,5 metros para carro compartilhada com bicicleta, da Ponte da Capunga até a Rua Dom Sebastião Leme e da Rua Manuel de Almeida até a Ponte da Torre. A via-parque não terá trajeto contínuo e a velocidade dos veículos não poderá ultrapassar 30 quilômetros. Estão previstos dois píeres com capacidade para pequenas embarcações.
Lúcia Moura, presidente da associação de moradores Por Amor às Graças, disse que marcou reunião com a presidência da Urb na quinta-feira (5/12) da próxima semana para discutir a obra. Em seguida, ela vai convocar uma reunião com a comunidade e convidar a Urb para participar da conversa.