As investigações sob o aspecto criminal do deslizamento da barreira em Dois Unidos, na Zona Norte do Recife, começam, oficialmente, nesta quinta-feira (26/12). Os trabalhos serão feitos pela Delegacia do Alto do Pascoal e serão coordenados pela delegada Lídia Barci, segundo informação oficial da Chefia da Polícia Civil. O principal objetivo é descobrir as causas do deslizamento e identificar se há culpados – intencionais ou não – por ele, que provocou a morte de sete pessoas e deixou outras três feridas. Familiares das vítimas e moradores do Córrego do Morcego, onde aconteceu a tragédia, são unânimes em afirmar que o rompimento de um cano da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) provocou o acidente. Garantem, inclusive, que situação idêntica aconteceu em 2000, sem deixar vítimas, apenas danos materiais.
Ninguém da Polícia Civil falou sobre o início das investigações. Mas a expectativa é de que os três sobreviventes do deslizamento, parentes dos mortos e pessoas que residem na Rua Bela Vista sejam os primeiros a serem ouvidos no inquérito policial que está sendo instaurado. A população diz que o deslizamento aconteceu após um cano começar a vazar água. E justificam a afirmação com o fato de que, na segunda-feira (23/12), havia chegado água no morro, distribuída através de um sistema de rodízio. No dia da tragédia, entretanto, o engenheiro civil da Compesa Aprigio Trajano, afirmou que não havia vazamento pendente na área. “Há registros antigos de reclamação, que já foram sanados. Ontem (segunda-feira) e hoje (terça-feira) não houve nenhum registro de vazamento”, disse. Funcionários da Compesa também serão ouvidos no inquérito policial.
Em paralelo à investigação da Polícia Civil, a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Recursos Hídricos está apurando as causas do deslizamento. Além de investigações visuais, peritos realizam ensaios e análises geotécnicas e hidráulicas do funcionamento das adutoras e tubulações que passam pela localidade. Assim, o governo de Pernambuco pretende entender as movimentações de terra e do sistema de abastecimento de água no local do acidente. A previsão é de que os laudos indicando o que provocou o deslizamento de barreira fiquem prontos em 15 dias. Na coletiva de imprensa realizada no dia do deslizamento, a secretária Fernandha Batista afirmou que não havia registro de ocorrência de vazamento na área nos últimos 30 dias, prazo maior do que o informado pelo engenheiro da Compesa. “Mas não descartamos a possibilidade de haver vazamento, mesmo sem registro. Isso tudo será identificado através da elaboração do laudo que já começou a ser produzido”, afirmou a secretária.