Pernambuco respira Carnaval e o Museu da Cidade do Recife entrou no clima lançando uma série de postais com registros da folia nos anos 40 e 50. O frevo e o maracatu – as duas majestades da festa – e as brincadeiras do urso e do bumba-meu-boi estampam os seis cartões, em preto e branco, que estão à venda na lojinha do museu, instalado no Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José.
Relíquias do Carnaval do século passado, as imagens foram produzidas para a Prefeitura do Recife e estão preservadas no acervo do museu. São centenas, clicadas desde o fim da década de 20. Estética e simbolismo nortearam a escolha das fotos para ilustrar os cartões, declara a arquiteta Betânia Corrêa de Araújo, diretora da instituição.
“Selecionamos aquelas que os visitantes desejariam ter”, diz ela. Como exemplo, cita a foto da lendária Dona Santa, rainha do Maracatu Elefante, feita por Alexandre Berzin (1903-1979) na década de 40. Maria Júlia do Nascimento, a famosa Dona Santa, era filha e neta de africanos, nasceu no Recife, em 1877, e morreu aos 85 anos de idade, em 1962.
Berzin também flagrou a alegria de foliões no Baile dos Amarrados (1945), e assina mais três imagens dos cartões. Dos seis postais, só um tem fotografia de Roberto Cavalcanti – o passista de frevo fazendo evoluções para o público na Praça da Independência, equilibrando a inseparável sombrinha, no Carnaval de 1955.
“Pela quantidade de registros no acervo, pode-se dimensionar a importância da festa. Nos anos 40, o Carnaval do Recife era visto como um evento capaz de incrementar a economia do turismo, termo muito falado hoje em dia”, destaca Betânia. Um artigo publicado na Folha da Manhã, na edição de 19 de fevereiro de 1941, já ventilava a possibilidade de aportar no Recife, no Carnaval de 1942, um navio de turistas, observa.
As fotos da década de 40 mostram Carnaval de rua, diz Sandro Vasconcelos, gerente do Serviço de Pesquisa e Iconografia do museu. A partir dos anos 50, entram em cena imagens da folia em clubes. “Quem compra o postal está levando para casa um pouco da nossa história, da nossa cultura”, acrescenta Betânia.
O projeto é patrocinado pela Associação de Amigos do Museu. Cada postal custa R$ 2 e pode ser adquirido separadamente. A série do Carnaval foi lançada com outros seis cartões, revelando o Rio Capibaribe pelas lentes de Berzin. Fotos de viagens do Graf Zeppelin ao Recife e praças criadas pelo paisagista Roberto Burle Marx na cidade compõem a coleção de postais do museu, que está só começando.