'Tenham orgulho de suas cicatrizes'. Foi com essa frase que a pernambucana Débora Dantas, jovem de 19 anos que sofreu um acidente com kart no Recife no último mês de agosto, encerrou uma de suas falar no programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, na manhã desta segunda-feira.
"Minha vida não foi fácil, eu perdi minha mãe com 16 anos e fiquei sozinha por muito tempo, tendo que trabalhar para me sustentar. Isso vai ser só uma cicatriz externa das minhas infinitas cicatrizes, e para mim é um orgulho. Quero que as pessoas tenham orgulho de suas cicatrizes e das dificuldades que elas passam e que sejam elas mesmas. Eu acredito em mim, e se você acreditar pode alcançar qualquer coisa", disse.
O acidente que escalpelou a auxiliar de ensino infantil Débora Stefany ocorreu na pista de kart Adrenalina, que funcionava há um mês no supermercado Walmart de Boa Viagem. O local foi interditado e não retomará as atividades.
Débora e o companheiro pagaram R$ 50, cada, por 22 voltas. A tragédia aconteceu quando ela estava na segunda volta. De acordo com relatos ao Procon, funcionários teriam ficado desesperados na hora e não teriam prestado socorro à vítima. Após 30 minutos de espera por atendimento, ela foi levada pelo namorado ao Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife.
“Ela não teve nenhum tipo de assistência, eles foram totalmente omissos. Não havia bombeiro civil, militar ou alguém que pudesse fazer esse acolhimento. Também não havia viatura para levá-la a um hospital”, denunciou Douglas Nascimento, tio de Débora, em entrevista à TV Jornal.
À TV Jornal, um funcionário da pista, que não quis ser identificado, disse que o cabelo de Débora se soltou repentinamente. Ele garantiu que seus colegas prestaram socorro e acusou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de demora.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Recife, o pedido foi feito às 17h05. Às 17h07 a ambulância foi acionada e às 17h27, quando o Samu já estava à caminho, foi informado de que a vítima havia sido levada em um veículo particular.
O empresário Wanderlei Dreyer, pai do dono do Adrenalina classificou o episódio como “fatalidade”. “Foi um acidente. É o primeiro caso desde que atuamos na área, há 20 anos”, alegou. A família, disse, já planejava fechar o empreendimento porque não estaria dando o lucro esperado.