Vinte e sete detentos da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, no Grande Recife, ficaram feridos no confronto com a Polícia Militar após a rebelião iniciada nesta terça-feira (20). A intervenção policial aconteceu por volta das 16h, quando os presos de dois pavilhões não aceitaram o acordo firmado entre os demais detentos e o promotor Marcellus Ugiette, que passou toda a tarde e parte da noite na instituição tentando controlar o motim.
"Entramos em vários pavilhões e conseguimos dialogar com os detentos e manter a calma. Mas, quando seguimos para o pavilhão B, fomos recebidos a pedradas. Os presos estavam em cima do prédio mostrando facões e gritando. Não tinha como ter diálogo com eles, a polícia teve que interferir com balas de borracha e bombas de efeito moral", conta o promotor. Segundo ele, os detentos também chegaram a queimar alguns colchões, o que provocou um curto-circuito e deixou parte da penitenciária sem energia.
A reação violenta só aconteceu nos pavilhões B e C dos oito pavilhões da Barreto Campelo. Durante a confusão, um detento preso por crimes sexuais que quase foi feito refém acabou solto pelo Batalhão de Choque. Ele foi um dos 27 feridos registrados pelo Corpo de Bombeiros. Segundo a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, três dos feridos foram levados para os Hospitais Miguel Arraes e da Restauração, além de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas nenhum corre risco de morrer.
Segundo o promotor Marcellus Ugiette, a penitenciária tem capacidade para cerca de 600 presos, mas atualmente abriga 1.938. Depois que a rebelião foi controlada, os presos foram levados para o pavilhão para que as celas fossem revistadas. A previsão é que o Batalhão de Choque passe a noite na instituição.
O promotor também informou que o juiz Roberto Bivar, atual titular da 2ª Vara de Execuções Penais, visite a penitenciária nesta quarta-feira (21), em um horário ainda não definido. Entre os acordos firmados com os presos, segundo Marcellus, ficou definido que a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) irá fazer um esforço para agilizar a análise das penas de cada detento.