Atualizada às 10h48
Uma briga entre grupos rivais fez com que internos do módulo 1 do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) da Fundação de Atendimento Socieducativo (Funase) de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, invadissem o módulo 2 da unidade e ateassem fogo em uma das áreas, na noite desse domingo (30). A informação sobre o desentendimento foi inicialmente divulgada pela Polícia Militar e depois confirmada pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude do Estado. Sete socioeducandos morreram e quatro ficaram feridos.
Após o Corpo de Bombeiros ser acionado e controlar as chamas, foram encontrados os sete corpos. Seis internos estavam carbonizados, sendo um sem uma das pernas e outro com uma lesão na cabeça. O sétimo cadáver teve as mãos decepadas e um afundamento na face. Todos os corpos foram levados para o Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru.
Três adolescentes teriam sido mortos no banheiro de uma cela. Após perceberem a presença da polícia, os internos lançaram pedras e pedaços de pau contra os oficiais. Bombas de efeito moral foram utilizadas para controlar a situação.
O tumulto teve início por volta das 21h e foi controlado na madrugada da segunda-feira (31). Os adolescentes queimaram colchões e causaram destruição de móveis e objetos da unidade. O Case de Caruaru tem capacidade para 90 adolescentes. Antes da rebelião, estava com 160.
A Funase informou, por meio de nota, que uma sindicância foi aberta para apurar o caso com previsão de ser concluída em 20 dias podendo ser prorrogada por mais 20 dias. Os suspeitos serão conduzidos à Delegacia de Caruaru, que dará início às investigações sobre os homicídios. As famílias das vítimas e dos feridos estão recebendo assistência, inclusive com auxílio de um psicólogo.
Na terça-feira (25), uma rebelião registrada no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Timbaúba, na Zona da Mata Norte do Estado, deixou quatro internos mortos.
Uma briga entre grupos rivais levou socioeducandos a atearem fogo a colchões e a destruir móveis e objetos da área administrativa do Case de Timbaúba. Sete jovens foram socorridos para uma unidade de saúde da cidade.
Em nota, a assessoria de imprensa da Funase informou que a corregedoria do órgão abru sindicância para apurar o motim e que ela "tem um prazo de 20 dias para ser concluída, podendo ainda ser prorrogada por mais 20 dias". O assessor técnico da unidade, Jaime Santos da Silva, foi exonerado. Ana Lúcia Gusmão Brindeiro foi nomeada ao posto.
Após a ocorrência o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedca) alertou que a tragédia poderia voltar a se repetir em outras unidades. “A Funase é uma instituição falida. Ela não tem projeto pedagógico, não tem estrutura, há superlotação, maus-tratos e tortura. A mão de obra é desqualificada, ganha pouco e tem contrato temporário. Não é um lugar de ressocialização e sim de internamento”, afirmou a presidente do Cedca, Lourdes Vinokur.
A Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude respondeu que a Funase “desenvolve uma política de respeito aos direitos humanos” e que todos os agentes são treinados dentro desses princípios. “Atos irregulares individuais não representam o comportamento da maioria”.