O ex-comissário da Polícia Civil Eduardo Moura Mendes foi condenado, nesta quarta-feira (30), a 28 anos de prisão pelo homicídio da ex-companheira, a professora Izaelma Cavalcante Tavares, aos 36 anos. O crime ocorreu em dezembro de 2011, em um apartamento no Bairro Novo, em Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR).
Presidido pela juíza Andréa Calado, da Vara do Tribunal do Júri de Olinda, o julgamento do ex-comissário tinha começado na terça-feira (29). Às 17h45 desta quarta (30), a juíza leu a sentença. Eduardo foi condenado por homicídio duplamente qualificado (por motivo fútil e cometido à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima).
De acordo com a denúncia do Ministério Público, no dia 3 de dezembro de 2011, por volta das 11h30, no interior de um apartamento situado na Rua Coronel João Manguinhos, no Bairro Novo, em Olinda, Eduardo efetuou disparos de arma de fogo contra Izaelma. Ao todo, seis balas atingiram a professora.
Um telefonema feito pela vítima para um amigo, registrou o momento em que Izaelma foi baleada e pediu socorro. A viatura do Corpo de Bombeiros que levou Izaelma ao Hospital da Restauração (HR), no Derby, Centro do Recife, capotou após colidir com um carro, na Avenida Agamenon Magalhães, próximo ao prédio do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE), no sentido Olinda-Boa Viagem. Após passar seis dias internadas, ela teve morte encefálica.
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Após cometer o crime, o ex-comissário fugiu levando o filho da vítima, que tinha 5 anos na época. O menino, que presenciou a morte da mãe, foi encontrado no dia 25 de março de 2012, na casa da mãe de Eduardo.
No dia 5 de dezembro de 2011, em entrevista, o namorado de Izaelma na época do homicídio afirmou que a professora tentava se separar de Eduardo após 13 anos de relacionamento porque ela estava cansada das constantes agressões. "Em 2005, ele a sequestrou. Ele sempre a perseguia", contou. Por causa das perseguições de Eduardo, Izaelma ainda morava com ele, mas ambos dormiam em quartos separados.
Dias após o crime, em 13 de dezembro, a tristeza dos alunos da Escola Argentina Castello Branco, em Olinda, pela perda da professora, se traduziu em protesto em frente à unidade de ensino.
O ex-comissário foi detido pela polícia no dia 17 de outubro de 2012, em Cidade Tabajara, Olinda, enquanto tentava visitar a casa onde o filho da professora morava com parentes.
O Conselho de Sentença foi formado por dois homens e cinco mulheres. No primeiro dia de julgamento, foram ouvidas quatro testemunhas de acusação e interrogado o réu.
A primeira testemunha ouvida foi o namorado de Izaelma na época do crime. Após um intervalo de uma hora para almoço, às 12h15, o julgamento recomeçou às 13h15 com o depoimento da segunda testemunha arrolada pelo Ministério Público, a mãe da vítima.
As duas últimas testemunhas arroladas pelo Ministério Público ouvidas, em plenário, foram o pai biológico do filho de Izaelma e a servidora do Tribunal de Justiça de Pernambuco que fez o acompanhamento psicológico do filho da vítima durante o trâmite processual. O depoimento da quarta testemunha ocorreu a portas fechadas a pedido do MP, que alegou preservação da imagem do adolescente, embasado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Por volta das 17h30, começou o interrogatório do réu, que acabou às 20h45.
O segundo dia do júri começou às 10h, com a exibição de vídeos gravados com depoimentos de testemunhas durante a fase de instrução. Foram exibidos seis vídeos, cinco a pedido do MP e um solicitado pela defesa. Também houve debate entre acusação e defesa. Cada parte teve até uma hora e meia para argumentação. Em seguida, o Conselho de Sentença se reuniu e por fim, a juíza fez a leitura da sentença, às 17h45.