'Cerca de 80% das mulheres não sabem onde irão dar à luz', reconhece secretário

Secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, reconhece as lacunas na assistência materno-infantil e anuncia parceria com a Opas para melhorar a rede
Cinthya Leite
Publicado em 17/06/2019 às 15:07
Secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, reconhece as lacunas na assistência materno-infantil e anuncia parceria com a Opas para melhorar a rede Foto: Foto: Miva Filhp/SES


Depois de eleger a assistência materno-infantil como área prioritária, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, anuncia parceria com a Opas para coordenar as ações do setor.

Confira a entrevista:

JC – A assistência materno-infantil foi eleita pela sua gestão como prioridade. O que a pasta tem feito?
ANDRÉ LONGO – Estamos em processo de fechamento, com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), de um termo de cooperação internacional para que seja possível coordenar ações e otimizar projetos que o Estado tem, como o Mãe Coruja e o Parto Adequado, que registrou avanços no Hospital Agamenon Magalhães. A parceria com a Opas, que tem expertise técnica e metodológica nessa área, vai medir as intervenções que já realizamos em Pernambuco e consequentemente organizá-las.

JC – Alguma outra medida já foi adotada?
ANDRÉ LONGO – Em maio, a Secretaria Estadual de Saúde nomeou 580 novos trabalhadores (aprovados em concurso público). Mais de 200 foram chamados para repor e qualificar a atenção nas maternidades. Entre eles, 45 obstetras, 50 enfermeiras obstetras, 33 neonatologistas, 45 pediatras, 17 cirurgiões pediátricos e 11 intensivistas pediátricos. Dos profissionais aprovados, 124 vão para o Agamenon Magalhães e 133 para o Hospital Barão de Lucena, que são unidades de referência no parto de alto risco. Ou seja, estamos dando sinais de que esse é um tópico prioritário.

JC – A vinculação da mulher ao local de parto tem sido analisada?
ANDRÉ LONGO – Nossas auditorias mostram que um dos principais problemas da rede materno-infantil e entre piores itens avaliados pelas mulheres é a questão da (falta de) vinculação com o local de parto. Cerca de 80% das pacientes não sabem a maternidade onde irão dar à luz. Ou seja, elas não estão referenciadas a um serviço. Então, a intervenção que queremos fazer com a ajuda da Opas vai ajudar a melhorar não apenas esse cenário, mas também o empoderamento da mulher na reprodução. Obstetras dizem que quase um terço das gestação não são planejadas.

JC – Como atuar com os municípios?
ANDRÉ LONGO – Tem alguns que nunca se estruturaram para atender as gestantes. Olinda, por exemplo, precisava ter mais uma maternidade além do Tricentenário. O município só faz 35% dos seus partos. Já Paulista não tem maternidades. A nossa gestão estadual faz mais partos do que os municípios. A Opas vai atuar também para ajudar a organizar melhor essa rede.

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