Esta foi uma semana intensa para a jornalista Fernanda Gentil, de 32 anos. Na segunda, estreou na Globo o vespertino Se Joga. Na quinta, debutou nos cinemas em Ela Disse, Ele Disse. Hoje e amanhã, ela estreia nos palcos do Recife com o seu monólogo Sem Cerimônia no Teatro RioMar.
JORNAL DO COMMERCIO – Fernanda, que semana atípica essa: estreia nas tardes da Globo, estreia no cinema e, neste fim de semana, seu monólogo vem pela primeira vez ao Recife. É possível distinguir os sentimentos de cada um?
FERNANDA GENTIL – É uma semana atípica e muito especial. Três estreias: no cinema, na TV e no Recife porque ainda não fomos com a peça para lá. Três produtos que me deixam muito feliz e desafiada, então só posso agradecer.
JC – Em que momento você percebeu que sua vida poderia ser transformada em um monólogo?
FERNANDA – Decidi explorar os palcos de teatro quando cruzei com o Leo Fuchs, produtor da peça, e ele me incentivou a transformar esse meu texto em uma peça. Eu quis criar essa peça para contar um pouco do que o povo não vê quando só me assiste na TV, mas principalmente para passar as mensagens que eu sempre achei importante passar. A gente fala muito de respeito, igualdade, de humanidade, tem muita dinâmica, o público participa bastante.
JC – A sua troca do Esportes pelo Entretenimento foi determinante para o nascimento do Sem Cerimônia?
FERNANDA – Sem Cerimônia acabou sendo mais uma oportunidade para eu passar as mensagens que eu sempre quis passar e sempre tentei passar em redes sociais, rádio e TV. Só que agora, literalmente, em um palco diferente, que é o palco do teatro. Minha busca é incessante por esse contato com o público. A transição em si do esporte pro entretenimento não foi determinante, mas o tempo que fiquei nos bastidores participando da criação do programa, sim. Esse tempo sem o compromisso de estar no ar me deu mais flexibilidade pra rodar com a peça.
JC – Fora das câmeras e dos palcos, Fernanda Gentil é uma pessoa “sem cerimônia”?
FERNANDA – Qualquer trabalho meu tem muito disso, a naturalidade sempre foi a minha melhor bandeira. Acho que também, ao mesmo tempo, isso abre espaço para as gafes né? Que são várias (risos). Mas principalmente para uma identificação muito grande como público, que é o que eu busco todos os dias quando eu entro no ar, no palco ou no programa na rádio. Esse é o meu melhor retorno é o melhor termômetro que eu posso ter de que as coisas estão indo bem, de que eu estou no caminho certo. Porque o que eu recebo em troca é só, felizmente, muito carinho.
JC – Você assina o texto do espetáculo. Pode contar um pouco desse processo de construção?
FERNANDA – Sim, o texto é meu, e a produção do Leo Fuchs. Falo muito de respeito, igualdade, ação social. Tem muita dinâmica com o público. Eu procuro ouvir as histórias das pessoas, o que elas já passaram. Entender um pouco mais de quem está ali, não só por fora, mas principalmente por dentro. Procuro fazer com que eles se encontrem em lugares especiais também, pelo o que já passaram e viveram. Falo muito de ser humano e do que podemos fazer para ser um humano melhor.
JC – Em tempos de tamanha intolerância no nosso País, o Sem Cerimônia vem, de certa forma, para ajudar a derrubar preconceitos, principalmente em relação à você mesma?
FERNANDA – Não. Sem Cerimônia vem pra gente sair do teatro mais leve e feliz. Sei que muita gente vai pra peça esperando só dar umas gargalhadas, mas é lindo de ver as lágrimas nos olhos quando falamos de família, perdas e sonhos de cada um.