Rec-Beat 2019 busca manter o frescor na sua 24ª edição

O Rec-Beat se consolidou, ao longo das suas 24 edições, como parâmetro de qualidade e inventividade dentro da programação do Carnaval pernambucano, sempre de olho nas tendências alternativas da música brasileira e mundial. Um dos pioneiros em abrir espaço para o manguebeat e outros sons locais, o festival foi responsável por lançar bandas como Cordel do Fogo Encantado. E, se sempre trouxe o novo e o alternativo, também nunca abandonou os eventuais grandes shows, aqueles que fazem o Cais da Alfândega parecer uma ladeira apertada de Olinda, desde que fizessem sentido dentro do projeto do evento.

Nação Zumbi, Johnny Hooker, Cordel, Pitty, Céu, Criolo, entre muitos outros, já realizaram a façanha. Neste ano, a disputa promete ser grande para acompanhar o show da cantora Pabllo Vittar, uma das principais estrelas pop do Brasil, que se apresenta pela primeira em Pernambuco em palco aberto e gratuito, no domingo de Carnaval.

Embora alguns nomes já tivessem sido divulgados, como a Eddie e os MCs Shevchenko e Elloco, a programação completa do Rec-Beat 2019 foi anunciada na terça (26). Mesmo com o orçamento apertado, como tem sido nos últimos anos de festival, o evento manteve sua aposta em atrações musicais que trouxessem frescor e novas tendências para o palco.

Segundo o produtor do evento, Gutie, esses grandes shows costumam existir, mas o Rec-Beat não é pautado necessariamente por eles. “Não é isso que a gente persegue. Nunca pensamos: vou colocar uma banda ou artista só para lotar. Trazemos os shows pelas oportunidades, às vezes pelo anseio do público por uma apresentação diferente, aberta, às vezes por ser o melhor momento do artista. Os grandes shows não são o objetivo-fim do Rec-Beat, mas o festival também é uma plataforma de encontro da música com o grande público”, destaca.

Com pouco recursos, a apresentação de Pabllo Vittar foi “quase um presente”, como diz o produtor. O cachê dela não foi pago pelo orçamento do festival, sendo viabilizado pela Rec-Beat Produções, a Rabixco e a Mataderos, produtora da própria cantora. “Não vamos receber apenas a cantora, mas o que ela representa além da música. Vamos ter no palco do Rec-Beat um ícone. Ela representa várias questões fundamentais de serem debatidas, como a sexualidade, a homofobia, a resistência. Pabllo Vittar é mais do que apenas uma apresentação”, ressalta Gutie.

Para ele, apesar das dificuldades, é importante celebrar como o festival foi feito com ajuda de parcerias. “Ninguém vai tocar de graça. Alguns diminuíram valores para gente, mas todos vão ser pagos”, comemora. Além disso, acredita que o evento mantém o seu frescor e conceito. “São 20 anos tentando continuar vibrante, moderno, com nomes novos. O Rec-Beat sempre foi um festival com um olhar periférico, primeiro com os músicos daqui, no manguebeat, depois com artistas independentes, como Criolo, Céu, mais tarde com os latino-americanos, os músicos de países africanos e da Espanha. Agora olhamos, por exemplo, para o tecnobrega, mas é esse movimento de sempre buscar o que ainda é visto como à margem”, resume.

PLURALIDADE

A programação segue essa pluralidade. No sábado, se o destaque é o show de Shevchenko e Elloco, antes DJ Dolores comemora os 20 anos de carreira com temas e remixes autorais. A noite ainda conta com o projeto The Space Lady, da artista americana Susan Dietrich Schneider, que se apresenta com sintetizadores, canções autorais e versões inusitadas, e com o trio eletrônico de Pernambuco Radiola Serra Alta, que dialoga com a cultura popular e as novas tecnologias. Os DJs GG Albuquerque e Igor Marques, da Embrazado, ressaltam a música eletrônica de periferia nos intervalos.

Domingo, antes de Pabllo, o Rec-Beat recebe dois shows pernambucanos: o de Cassio Oli, com a estreia de seu projeto solo, e o de Ferro, em sua fase brega new wave. O dia ainda tem o afrofolk futurista da banda paranaense Tuyo e a performance de sexualidade e gênero do cearense Getúlio Abelha.

A segunda promete passear por outros países, com a cantora argentina “tropical e roqueira” Sofía Viola e com o músico britânico Tim Blake, vinculado ao space rock. O dia ainda traz o pernambucano Amaro Freitas, com influências do jazz e da música instrumental brasileira, e o paulista Edgar, que teve seu primeiro disco produzido por Pupillo ano passado. A noite é encerrada pelo show de 30 anos da Eddie, que ficou uma década sem tocar no Rec-Beat e retorna com a sua formação original.

O encerramento tem como destaque o AfrotoniX, projeto do guitarrista chadiano Caleb Rimtobaye, influenciado pelo afrofuturismo. A noite ainda conta com os cariocas da banda Baleia, influenciada pelo rock e jazz, o Hat, com o marroquino Hatim Belyamani, que traz um show musical e visual, e com a paulistana Luiza Lian e sua junção de MPB, eletrônico e rock. Uma edição especial da Terça do Vinil fecha a noite.

PROGRAMAÇÃO – FESTIVAL REC-BEAT 2019

Sábado, dia 02/03/19

19h30 – DJ Dolores (PE)
21h00 – The Space Lady (USA)
22h00 – Radiola Serra Alta (PE)
23H10 - Shevchenko e Elloco (PE)
*Embrazado nos intervalos

Domingo, dia 03/03/19

19h30 – DJ Kimberly Lindacelva *
20h00 – Cassio Oli (PE)
21h00 – Tuyo (PR)
22h00 – Getúlio Abelha (CE)
23h10 – Ferro (PE)
00h30 – Pabllo Vittar (MA)

Segunda, dia 04/03/19

19h30 – DJ Linda DeMorrir (PE) *
20h00 – Sofía Viola (Argentina)
21h00 – Amaro Freitas (PE)
22h00 – Tim Blake (Inglaterra)
23h10 – Edgar (SP)
00h30 – Eddie - 30 Anos (PE)

Terça, dia 05/03/19

19h30 – DJ David Carneiro (SP) *
20h00 – Baleia (RJ)
21h00 – HAT (Marrocos)
22h00 – Luiza Lian (SP)
23h10 – AfrotroniX (Canadá)
00h30 – Terça do Vinil (PE)