Pequenos tesouros no IRB

Funcionários e colaboradores do Instituto Ricardo Brennand saem dos bastidores para mostrar suas coleções particulares
Alef Pontes
Publicado em 09/07/2014 às 16:45
Funcionários e colaboradores do Instituto Ricardo Brennand saem dos bastidores para mostrar suas coleções particulares Foto: Igo Bione/JC Imagem


Selos, cartões telefônicos e postais, figurinhas, revistas, almanaques... Quem não tem ou já teve uma coleção de alguma coisa? É justamente sobre a relação que existe entre a memória afetiva e o ato de guardar objetos o tema da exposição Colecionar, que é aberta hoje e segue até o dia 8 de agosto, na biblioteca do Instituto Ricardo Brennand (IRB), na Várzea.

Inspirada no trabalho do artista plástico sergipano Arthur Bispo do Rosário, que vivendo entre a realidade e o delírio, passou de acumulador à artista com a sua coleção dos mais variados artigos cotidianos, a mostra reúne 23 coleções particulares. O diferencial da exposição está nos proprietários das peças: os próprios funcionários do IRB.

Revistas, discos, embalagens, caixas de porcelanas, pinturas e cartões, entre outros objetos, contam um pouco da intimidade de 15 colaboradores – de museólogos à assistentes da cafeteria –, compartilhando as paixões de cada uma destas pessoas com o público.

Segundo a artista plástica e curadora da mostra, Marília Bivar, um dos objetivos é mostrar que o colecionismo não se restringe aos espaços dos museus e galerias. “Assim como Ricardo Brennand é um grande colecionador, as pessoas que trabalham aqui também tem suas coleções pessoais. A ideia é dar visibilidade a essas pessoas, e fazer o público reconhecer que o ato de acumular artigos está presente no cotidiano”, explica.

A educadora Juany Nunes decidiu participar expondo sua coleção de embalagens de presentes. “Eu ganhava e ia colocando na gaveta, era um meio de lembrar as pessoas que me presentearam. Nunca foi algo pensado, com o intuito de ter uma coleção, e sim algo automático mesmo. Isto reforça a ideia de que qualquer pessoa pode acabar se tornando um colecionador”, disse.

“É engraçado porque a gente trabalha mostrando uma coleção, contando a história de um grande colecionador e agora somos protagonistas da exibição”, diz Juany, comentando sobre a inversão de papéis. “A parte mais legal é que o museu é muito rico em obras de arte. Diariamente, nós vemos as pessoas indo conferir com os olhos brilhando. Talvez nós possamos ver esse mesmo brilho nos olhos com os nossos objetos”.

Marília Bivar conta que os exibidores tem um cuidado especial com seus “tesouros” pessoais e acompanharam de perto a montagem. “Eu já havia realizado outras exposições, mas apenas do meu próprio trabalho. Neste caso, foi preciso haver um cuidado ainda maior para garantir o espaço para cada uma das coleções e ainda atender os pedidos de seus donos”, conta.

Juany foi uma das que fizeram um pedido especial: “Tem uma flor que eu ganhei de um amor platônico e plastifiquei para conservar. Eu guardava dentro de uma agenda, mas quando conferi a montagem, pedi para que ela fosse colocada em evidência, para que todos pudessem ver”.

O espaço da biblioteca foi escolhido para aumentar ainda mais a interação do público com as pessoas que expõe. Ela acontecerá nos bastidores, em um ambiente diferente das tradicionais galerias.

Devido a área reduzida da biblioteca – que combina perfeitamente com o clima intimista de mergulhar no universo pessoal dos gostos de cada um dos colecionadores – a visitação será feita por grupos de aproximadamente 30 pessoas. Por dia, há uma expectativa de que 150 pessoas possam conferir a exposição.

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