Graça Araújo queria doar seus órgãos, destacam familiares

Desejo da jornalista foi destacado por pessoas que foram ao Hospital Esperança após saber do falecimento dela
JC Online
Publicado em 08/09/2018 às 18:36
Desejo da jornalista foi destacado por pessoas que foram ao Hospital Esperança após saber do falecimento dela Foto: Reprodução


Na Avenida Agamenon Magalhães, um senhor identificou o carro do Sistema Jornal do Commercio e fez um sinal para a equipe. Queria perguntar sobre o velório da jornalista Graça Araújo. A cena pode ser vista como indício da popularidade da comunicadora entre os pernambucanos em virtude do respeito que ela conquistou com sua dedicação ao trabalho. Além das qualidades profissionais e pessoais, o desejo que Graça Araújo tinha de ser doadora de órgãos foi destacado por familiares e por outras pessoas que foram neste sábado (8/9) ao Hospital Esperança, onde ela estava internada desde a quinta-feira (6/9) por causa de um AVC hemorrágico. Médica e amiga da comunicadora, Silvia Laurentino lamentou que este desejo não pudesse ser atendido.

"A gente vinha monitorando a situação com muito cuidado, sabendo do desejo expresso dela, para poder entrar em contato com a Central de Doações de Órgãos. Hoje, subitamente, houve a falência das funções vitais e ela faleceu com o AVC hemorrágico. Infelizmente, nessas condições, não houve tempo suficiente para que fosse possível fazer a doação", explicou a médica.

Outros amigos, fãs e profissionais da comunicação foram ao Hospital Esperança antes do corpo de Graça Araújo partir para o Cemitério Morada da Paz, o que aconteceu no fim da noite.

"Graça para mim e para todo mundo em Pernambuco é sinônimo de comunicação de qualidade. Era uma pessoa de uma generosidade, falava com o estagiário até a pessoa com mais experiência... Recebi a notícia com muita surpresa, era uma mulher ativa, cuidava da saúde", afirmou o jornalista Gilberto Sobral.

A Diretora de Jornalismo da TV e Rádio Jornal, Beatriz Ivo, e o diretor de Redação do Jornal do Commercio, Laurindo Ferreira, também destacaram o profissionalismo de Graça Araújo e o legado que ela deixa para o jornalismo pernambucano.

"Graça dizia que ela era um milagre, uma menina negra, que nasceu muito pobre, e guerreou muito para quebrar o que esse país oferece comumente para meninas negras e pobres. Foi referência de um jornalismo combativo. Quem trabalhou com Graça sabe do rigor que ela tinha com ela mesma, com a equipe, para lutar para que Pernambuco se tornasse um estado mais igual, mais justo. É uma grande honra para mim ter convivido por quase três décadas com ela. Fui estagiária de Graça e, formalmente, hoje era sua chefe. Mas nunca me senti assim, me senti uma companheira de troca. Ela fez parte da história de muita gente nesta cidade", lembrou Beatriz Ivo.

"Ela conciliava isso com alfo que é característico do nome. Pequena, sorriso largo e alma brilhante que transbordava para quem teve a honra de conviver com ela. Graça honrou com grandeza a vida que teve", completou ela.

"Perdemos uma colega de trabalho, mas muito mais que isso. Graça Araújo era uma referência do jornalismo feito em Pernambuco. Lembro do tempo em que eu ainda estava na universidade e, ouvindo Graça, pensava em como as perguntas dela eram sempre destaque. Queria um dia conhecê-la e tive a oportunidade de trabalhar junto com ela", recordou Laurindo, que continuou: "Graça veio, fez, ensinou, deixou um legado. Era objetiva, coerente, incisiva. Não deixava nada escapar e tinha elegância, coerência jornalística".  

Prêmio para o Consultório de Graça

No dia da morte de Graça Araújo, o programa Consultório de Graça (Rádio Jornal) recebia o Prêmio SBN de Jornalismo na categoria rádio, entregue em Porto Alegre (RS) pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. O câncer de cérebro é o tema da reportagem premiada.

"Graça Araújo foi minha professora, comecei a trabalhar com ela como estagiário. O povo de Pernambuco sabe o que ela representa para nós. Cheguei a ir para Porto Alegre por causa do prêmio, mas voltei quando soube", afirmou o jornalista Marcelo Barreto.

Além de amigos e colegas de profissão de diversas emissoras pernambucanas, o público também marcou presença na despedida de Entre os admiradores de Graça Araújo que foram ao Hospital Esperança estava o aposentado José Bezerra da Silva, de Panelas. "Sou ouvinte. Há muito tempo acompanhava o trabalho dela, de manhã e de tarde. Queria deixar uma mensagem para ela: Graça, que deus te abençoe. Aqui é um amigo de Panelas, que lhe escutava sempre na Rádio e TV Jornal". 

 

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