À frente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, uma estrutura que tradicionalmente trabalha para atrair grandes investimentos com potencial de gerar grande volume de empregos formais, o secretário Bruno Schwambach, 45, quer implementar um outro braço de estímulo à geração de trabalho e renda. O foco será na desburocratização do ambiente de negócios para estimular o empreendedorismo, num modelo que ele implementou quando esteve à frente da secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Recife. Pernambuco tem uma das piores taxas de desemprego do País, acima de 16%, segundo o IBGE.
“Se a gente pegar só o dado de geração de emprego formal, é uma preocupação importante, mas tem outras formas de gerar renda e, para isso, a gente tem que criar um ambiente favorável em que as pessoas possam empreender. Devemos ir atrás das grandes empresas, mas também trazer oportunidades para que as pessoas façam sua própria renda”, disse o secretário, em entrevista ao JC. “A gente vai acompanhar não só o saldo de geração de emprego, mas também a criação de MEIs (microeempreenderores indivuais).”
Schwambach diz que para vencer o desafio de criar novos empreendedores no Estado é necessário viabilizar um ambiente em que a burocracia estatal seja otimizada através da tecnologia e melhoria dos processos. “A gente avançou muito nessa questão na prefeitura. Antes a gente tinha processos complexos e manuais, conseguimos digitalizar a maior parte dos processos. Então, o empresário recifense que levava mais de 100 dias para abrir seu negócio, hoje leva 72 horas”, afirma. “Transformamos os procedimentos urbanísticos e ambientais em digitais. Aceleramos simplificar e acelerar o processo de abertura e licenciamento para quem quer investir já consiga faturar e gerar empregos em 72 horas.”
Aliado à simplificação, o secretário também pretende investir na qualificação, usando as estruturas das Agências do Trabalho com escolas de formação profissional. “Com cursos profissionalizantes, em quatro meses a pessoa já está gerando a própria renda, como cabeleireiro, manicure, eletricista.”
Outro desafio imposto pelo novo secretário é ampliar os atuais 9 mil empregos do Porto Digital para mais de 20 mil nos próximos cinco anos. “Esse é um potencial que temos por causa da qualidade da mão de obra que é formada no Recife. São pessoas com muita produtividade e de custo baixo. Essa é a razão para empresas como Accenture saírem de um escritório de 30 pessoas para empregar mais de 3 mil – e vai chegar a 5 mil. Ela consegue captar mão de obra produtiva e competitiva, fechando a partir do Recife contratos de serviço com o mundo inteiro. É isso que queremos.” A ideia do secretário é também estimular, no trabalho conjunto com outras secretarias, cursos de programadores em algumas escolas de tempo integral. “Essa é a principal missão passada pelo governador Paulo Câmara, trabalhar em conjunto a articulação entre secretarias para desenvolver projetos em educação, tecnologia para gerar emprego e renda.”
Schwambach diz que a ideia é replicar o modelo que permitiu dar agilidade na Prefeitura do Recife nos outros municípios do Estado. “Precisamos estimular as prefeituras a fazerem o mesmo. Temos o sistema nacional (inscrição no CIM Nacional), a Junta Comercial, mas eu preciso do braço das prefeituras, tivemos que alterar a legislação no Recife, mas às vezes há uma série de amarras que você tem que deixar.”