Em 10 anos, apartamentos 'encolhem' 8,5 metros quadrados no Grande Recife

Ao mesmo tempo, os preços cresceram mais que a correção por índices oficiais, revelando que a valorização se deu inversamente ao tamanho do imóvel adquirido
Fernando Castilho
Publicado em 16/06/2019 às 7:00
Prédios residenciais na Zona Sul do Recife Foto: Foto: Guga Matos/Acervo JC Imagem


Em apenas dez anos, o tamanho médio do apartamento da Região Metropolitana do Recife perdeu 8,5 metros quadrados, especialmente nos imóveis de dois e três quartos, que representam 67,5% da oferta atual do mercado. Espaços como varandas, áreas de serviços e dependência de empregadas desapareceram, ao mesmo tempo em que áreas de lazer no terreno do empreendimento, ou nas coberturas, cresceram, passando a incluir piscina, parque infantil e academias.

Ao mesmo tempo, os preços cresceram mais que a correção por índices oficiais, revelando que a valorização se deu inversamente ao tamanho do imóvel adquirido, de modo a adequar a área do apartamento à renda disponível do possível comprador. Nos municípios de Recife, Jaboatão, Olinda e Paulista e Ipojuca, os preços subiram, em média, na década, 58,25% acima do INCC-M.

Os picos de crescimento se deram em Paulista, com 110,75%, e Recife Centro (Boa Vista, Santo Amaro, São José, Soledade). Imóveis em Santo Amaro, por exemplo, tiveram preços elevados em 84%. No Recife Sudoeste (Curado e Tejipió), os valores dispararam 82,99%. Curiosamente, nos projetos nos bairros de Boa Viagem, Imbiribeira, Pina e Setúbal, a variação pelo INCC-M foi de apenas 31,25%, perdendo apenas para as praias em Ipojuca, onde os preços dos imóveis de veraneio subiram apenas 15,63% acima dos índices oficiais.

Em contrapartida, com base no Índice de Verificação de Vendas (IVV), produzido pela Federação das Indústrias de Pernambuco para o Sinduscon-PE e a Ademi- PE, observa-se que, no espaço de tempo entre dezembro de 2009 e dezembro de 2018, em todas as regiões construtivas da RMR houve redução média do tamanho dos, de 88,25 m2²para 80,75 m2.

Desagrupando-se o número geral, é possível observar que os apartamentos de dois quartos – que representam 25,5% do total de ofertas – perderam 8 m2 ou seja 29% de sua área. No segmento de três quartos – que representa 42% do total de ofertas – houve perda de 6m2, ou seja, 19% de sua área. O corte mais drástico foi no segmento de dois quartos, cuja média em 10 anos passou de 58 m2 para 50 m2. No caso dos de quatro quartos, a redução foi de 172 m2 para 164 m2.

Nos imóveis de quatro quartos (24% no total de oferta), que encolheram 8m2, é como se ao menos a área de um quarto fosse eliminada. Ou que a sala de três ambientes focasse apenas em dois. Já no de dois quartos é como se a própria sala tivesse sido eliminada em uma década.

Razões

Os motivos para o encolhimento da área são muitos. Mas é preciso lembrar que 2009 foi o ano do lançamento do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que redefiniu preços para que os empreendimentos recebessem incentivos financeiros, o que, automaticamente, levou as empresas a readequarem seus projetos ao preço máximo financiável, de modo a atrair os compradores interessados nos benefícios financeiros oferecidos pelo governo.

De certa forma, o cliente passou a aceitar um imóvel com área menor, desde que pudesse receber o valor máximo dos benefícios do MCMV, reduzindo a prestação inicial.

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