Atualizada às 21h52
Que o custo de vida no Arquipélago de Fernando de Noronha, a 541 km do Recife, é alto, já se sabia. Mas agora, é possível quantificar essa diferença em relação aos preços praticados no continente e também entre os próprios comerciantes da ilha.
O Procon-PE realizou pela primeira vez, através de uma solicitação da Administração do Arquipélago de Fernando de Noronha, duas pesquisas na Ilha, uma de cesta básica (que envolve alimentos e produtos básicos de higiene) e outra com laticínios, frutas, verduras e bebidas. Os preços foram coletados por fiscais do Procon entre os dias 25 e 30 de setembro.
Segundo a pesquisa, alguns produtos comercializados na Ilha de cerca de 3 mil habitantes, chegam a custar 654,72% a mais, quando comparados com os praticados no comércio da Região Metropolitana do Recife. O quilo do melão, por exemplo, segundo o Procon, custa no Recife, R$ 1,59. Já na ilha sai por R$ 12,00.
A pesquisa também apontou que existem diferenças de preços gritantes, entres os próprios comerciantes de Noronha. Os fiscais do órgão de defesa do consumidor passaram por oito estabelecimentos de Noronha e constataram que alguns produtos chegam a diferença de 200% no comércio local.
É o caso do abacaxi que pode ser encontrado por R$ 5,00 (o preço mínimo cobrado na ilha) ou até por R$ 15,00. Em relação aos produtos de higiene pessoal, nessa pesquisa, o artigo que apresentou maior diferença percentual foi o absorvente: 185,43%. O mesmo produto pode ser encontrado no comércio de Noronha por preços entre R$ 3,50 e R$ 9,99.
O levantamento do Procon classificou ainda preços de laticínios, pães, frutas, verduras, e bebidas em geral. O quilo do tomate pode ser encontrado pelos ilhéus por R$ 8,28 ou até R$ 20,00, uma diferença de 141,55%. O achocolatado tem uma diferença percentual de 100%. O menor valor é de R$ 2,00 e o maior de R$ 4,00. Já nas bebidas alcoólicas um whisky, apresenta uma diferença de 58,72%.
O administrador da ilha, Guilherme Rocha, revelou que nos próximos 40 dias deverá ser lançado um projeto para reduzir o preço da cesta básica para os moradores de baixa renda da ilha. "A ideia é, junto com a Ceasa, trazer cestas básicas do Recife com transporte subsidiado pelo governo para que sejam comercializadas com famílias cadastradas ao mesmo valor do comércio na capital", afirmou Rocha.
A jornalista recifense Carla Oliveira se mudou para a Ilha de Fernando de Noronha há quase dois anos. Ela diz que ainda não se acostumou com o valor elevado dos produtos básicos que os moradores tem de adquirir por lá. "Um galão de água mineral de 20 litros, sai aqui por volta de R$ 27. Uma bandeja de ovos, que no Recife sairia por R$ 10, em Noronha custa até R$ 30, dependendo do estabelecimento. Já cheguei a pagar R$ 30 por uma melancia. É bem surreal mesmo".
A jornalista afirma que encontrou uma maneira para driblar o alto custo de vida em Noronha: pedir a amigos e familiares que estejam viajando para ilha para levarem mercadorias adquiridas no continente. "Outra saída é despachar os produtos por barcos que saem do Recife ou Natal (RN). Algumas embarcações fazem este serviço e cobram pelo transporte, em média, R$ 1,50 por quilo. Ainda sai mais barato do que comprar em Noronha", afirma Carla.