A passagem da seleção brasileira olímpica pelo Recife tem sido um momento especial para o atacante paraibano Matheus Cunha, que defende o Leipzig, da Alemanha. Apesar de não ter nascido em Pernambuco, ele viveu um longo período no Recife durante uma rápida passagem no futsal do Sport e pelo CT Barão, onde ganhou projeção no Brasil, indo para o Coritiba e depois se transferindo para o futebol da Suíça, antes de jogar entre os alemães. Além disso, parte da família do jogador é recifense, o que aumenta ainda mais o laço com o Estado.
Aos 20 anos, autor de um dos gols mais bonitos eleitos pela Fifa na última temporada, o camisa nove da seleção sub-23 enalteceu a chance de retornar ao local onde iniciou o sonho de ser atleta profissional. Ainda mais vestindo a camisa do Brasil. Momento que Matheus espera encerrar com chave de ouro, nesta segunda-feira (14), no amistoso contra o Japão, às 16h, na Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife.
“É gratificante o reconhecimento que tenho recebido. Espero poder retribuir sempre colocando o meu máximo em campo. Quero atingir o alto nível sempre. É o momento que todo mundo desejar desfrutar. Estou onde comecei no futebol, depois de muito tempo e com a camisa mais pesada do mundo”, afirmou o centroavante, que não conseguiu balançar a rede nos Aflitos, na última quinta-feira (10), no primeiro teste, contra Venezuela.
Os sinais que Matheus Cunha teria sucesso no futebol apareceram ainda na infância. Segundo o pai Carmelo, ele não queria saber de outra coisa que não fosse jogar bola. “Matheus logo que começou a andar passou a ter uma afinidade pela bola. Eu chegava em casa cansado do trabalho e ele sempre pedia para jogar. Quebrou muita coisa da mãe em casa (risos). Sempre pude incentivar na medida do possível, mas não abria mão da escola. E junto com a família, sempre apoiamos ele ao máximo no sonho”, destacou o pai do atacante.
A mãe Luziana contou que até hoje o centroavante da seleção olímpica lembra que deu “muita dor de cabeça” em casa jogando futebol. “Deu muito trabalho, quebrou muita coisa. Ele brinca até hoje dizendo que quebrou as coisas, mas deu certo. Naquela época, eu rezava para o pai chegar e ele brincar na pracinha de casa (risos). Matheus nunca gostou de outra coisa que não fosse o futebol.”
O jogador do clube alemão lembra de cada detalhe da época. Inclusive, a alimentação. “Em casa, na casa da avó, quebrava tudo. Tinha sempre que comer uma paçoca, além de uma vitamina, que minha avó fazia para os jogos. Agora tem as comidas diferentes, mas essa vitamina faz falta”, comentou Matheus Cunha.
Tempo que o camisa nove da seleção brasileira olímpica também não esquece é quando treinava no CT do Barão. Treinador que ele até hoje não esconde que tem a gratidão. “É o cara que mais conhece de futebol no Estado”, brincou. “Abriu as portas para mim no futebol. É uma parte importante da minha carreira e sou muito grato”, acrescentou.
O ex-técnico de Matheus ressaltou que desde o início o atacante era destaque. Tanto que sempre atuou uma categoria acima. “É um prazer enorme saber que pude contribuir para melhorar a performance dele. Hoje, não foi à toa que chegou na seleção brasileira. Conheci ele quando ainda era treinador de futsal do Santa Cruz e disputamos um campeonato na Paraíba. Matheus jogava no Cabo Branco. Depois, veio jogar com a gente, foi para o Sion, da Suíça, e ganhou a Europa”, declarou Barão.
Questionado se sente falta de ter jogado no Trio de Ferro de Pernambuco, o atacante Matheus Cunha lamentou não ter tido essa oportunidade e deixou a opção aberta para o futuro. Agora, ele só pensa em ganhar ainda mais projeção na Europa. “Jogar perto de casa é um privilégio que nem todo atleta de futebol tem. E, infelizmente, eu não tive. Agora quero focar na minha carreira e aumentar ainda mais a performance no futebol europeu”, disse o camisa nove do Brasil.