Quando volta ao Recife, a nadadora pernambucana Etiene Medeiros, que mora em São Paulo, tem o privilégio de poder chamar mais de um endereço de “casa”. Um deles é o centro de natação comandado pelo ex-técnico João Reinaldo Nikita. Extremamente à vontade no aniversário de 10 anos do local, ela relembrou da época em que treinava naquela piscina e o piso em torno ainda era de terra batida. Recordação que a fez revisitar o começo da carreira e as dificuldades para entender os sacrifícios que a transformaram em referência no esporte mundial.
Etiene Medeiros não nasceu em lar de esportistas. Por iniciativa da mãe, começou a nadar em uma escolinha da Lagoa do Araçá, na Imbiribeira, ainda muito pequena. A campeã mundial dos 50 metros costas também praticou judô, basquete, balé até se dedicar exclusivamente à natação. “A minha mãe sempre observou que o esporte seria, realmente, um dos pilares para desenvolver uma criança”, contou.
De acordo com Etiene, o processo para se tornar a melhor nadadora da história do Brasil sempre foi muito natural. Como qualquer criança que pratica alguma modalidade esportiva, ela começou a competir e os resultados apareceram. Mas foi apenas entre 12 e 13 anos que a pernambucana passou a se dedicar todos os dias à natação. Foi nesta fase que Etiene começou a trabalhar com Nikita. “Meus pais viram ali alguma coisa de diferente. Alguns técnicos que passaram já tinham chegado para incentivar a natação como um pilar, um esporte principal. Até então, eu treinava no Sport e foi quando eu fui para o Nikita. Ele sempre foi uma referência aqui no Estado e no Nordeste. É uma pessoa que tem encaminhado os atletas a um outro patamar”, elogiou Etiene.
Mas quando chegou a Nikita, a nadadora revelou que vivia o processo de entender as responsabilidades de atleta. Ainda adolescente, Etiene foi obrigada a encarar uma rotina pesada. Às 5h da manhã já estava na piscina. Às 7h na escola. Depois, precisava frequentar as aulas de reforço para só então finalizar o dia com a última sessão de treinos, por volta das 17h. “Para uma menina de 15, 16 até os seus 18 anos eu não entendia o porquê disso. Aí foi que veio o trabalho do pai, da mãe e do treinador. De estimular, incentivar. Nikita foi essencial para mostrar isso para os meus pais, para eles acreditarem que eu tinha muito potencial. De ser uma atleta campeã mundial e finalista olímpica. Não imaginava chegar aonde eu cheguei. O processo é doído, não é fácil. Mas quando você alcança um sonho, é a melhor sensação que existe. Subir no pódio para mim é uma realização”, relatou.
O testemunho de Etiene, inclusive, foi dado a pedido do João Reinado Nikita. Apesar de ter mantido o habitual semblante sério durante todo o evento que contou com a presença da nadadora, ele não conseguiu esconder a satisfação de recebê-la. Nikita, inclusive, fez uma homenagem à Etiene, entregando-lhe uma placa.
A nadadora está na reta final da miniférias e já se prepara para os três últimos compromissos de 2019. Entre 18 e 27 de outubro, ela participa dos Jogos Mundiais Militares, na China. Depois ainda nada duas etapas da Copa do Mundo de Natação.