Milhares de pessoas voltaram às ruas do Rio de Janeiro nesta terça-feira (20) para pedir respostas sobre o assassinato da vereadora e defensora dos direitos humanos Marielle Franco, na véspera de se completar uma semana do crime.
Com cartazes que diziam "Marielle vive" e gritos de "Justiça!", os manifestantes marcharam pela Avenida Rio Branco, uma das principais do centro da cidade, demonstrando indignação e consternação.
"É importante toda essa mobilização social para que esse crime bárbaro não fique impune. A gente não sabe se foi um crime de Estado ou não. Provavelmente tem a ver com crime da polícia e alguma questão de calar uma voz que estava defendendo os direitos humanos. Não podemos deixar que isso aconteça nunca mais no Brasil", disse Rafael Cavalli, advogado de 36 anos.
Alguns choraram lembrando da vereadora, negra, nascida e criada no complexo de favelas da Maré, que lutava pelos direito dos negros, das mulheres e da comunidade LGBT e que não abaixava a voz na hora de denunciar os abusos policiais ou a recente intervenção militar do Rio.
"Quem matou Marielle e Anderson?", dizia um adesivo preto com a foto do rosto da vereadora distribuído aos manifestantes ao longo da manifestação.
"Mais uma negra foi morta, mas outras vão se levantar com tanta força e poder quanto ela. Enquanto eu viver, eu luto. Nós não vamos parar", disse Irone Santiago, cujo filho ficou tetraplégico na Maré por disparos dos militares.
Nesta quarta-feira (21) completa-se uma semana da morte de Marielle Franco. Na noite do último dia 14, o carro em que ela voltava para casa, após participar de um evento de empoderamento de mulheres negras na Lapa (região central), foi alvejado por ocupantes de outro veículo após ser seguido por 4 km.
O ataque ocorreu no bairro do Estácio, também no centro, e foram efetuados ao menos treze disparos a dois metros de distância.
Junto com a vereadora, que levou quatro tiros na cabeça, morreu o motorista do carro, Anderson Gomes, com ao menos três disparos nas costas. Outra passageira do veículo, a assessora de imprensa de Marielle, ficou ferida por estilhaços.