Cuba e EUA reabrirão embaixadas em Washington e Havana em 20 de julho

Em pronunciamento na Casa Branca, o presidente americano, Barack Obama, afirmou que a medida é um "passo histórico" e mais uma demonstração de que os EUA não têm de ficar aprisionados ao passado
Da Folhapress
Publicado em 01/07/2015 às 14:38
Em pronunciamento na Casa Branca, o presidente americano, Barack Obama, afirmou que a medida é um "passo histórico" e mais uma demonstração de que os EUA não têm de ficar aprisionados ao passado Foto: Foto: Glen Johnson/ US Department Of State


Cuba e EUA anunciaram nesta quarta-feira (1º) que deverão reabrir em 20 de julho as embaixadas em Washington e Havana, em mais um passo na retomada de relações entre os dois países.

Em pronunciamento na Casa Branca, o presidente americano, Barack Obama, afirmou que a medida é um "passo histórico" e mais uma demonstração de que os EUA não têm de ficar aprisionados ao passado.

O líder americano também anunciou que o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, viajará a Havana para hastear a bandeira americana na embaixada.

Segundo Obama, a reabertura completa da embaixada em Havana significa que os diplomatas dos EUA poderão lidar diretamente com autoridades cubanas, com líderes da sociedade civil e cubanos comuns.

Em seu pronunciamento, o presidente americano também pediu que o Congresso levante o embargo a Cuba.

As representações americana na ilha e cubana em Washington estão fechadas desde 1961. A reabertura era esperada desde dezembro, quando o descongelamento das relações foi oficializado por Obama e o ditador Raúl Castro.

O anúncio foi feito inicialmente em nota do Ministério das Relações Exteriores de Cuba.

Pouco antes do comunicado cubano, o chefe da seção de negócios americano em Cuba, Jeffrey DeLaurentis, entregou o pedido formal a Marcelino Medina, ministro interino das Relações Exteriores cubano.

A expectativa é que o prédio que hoje abriga a seção de negócios americana seja aberto como embaixada em evento com a participação do secretário de Estado, John Kerry. Ele será responsável por hastear a bandeira no local.

Ao mesmo tempo, Cuba faz reformas a casa onde fica sua seção de negócios em Washington. O local teve sua cerca pintada e ganhou um mastro onde deverá ser hasteada a bandeira.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro comemorou a decisão e a considera o passo mais importante na normalização das relações entre os dois países.

"O governo brasileiro cumprimenta os governos de Cuba e dos EUA [...] e por essa histórica decisão, que representa a superação de animosidades anacrônicas e traz efeitos potencialmente positivos para todo o continente americano".

HISTÓRICO

A retomada das relações entre EUA e Cuba é vista como o maior legado de política externa que Obama deixará em sua Presidência. Também representa o maior sinal de abertura do regime cubano desde que tomou o poder, em 1959.

O primeiro dos avanços da negociação foi a libertação de 53 presos políticos cubanos em troca de três cubanos presos nos Estados Unidos sob a acusação de espionagem, em 17 de dezembro.

No mês seguinte, os dois países flexibilizaram as permissões para viagens e negócios e elevaram o limite de remessas. Na mesma ocasião, também foi liberada a exportação de insumos agrícolas e aparelhos de comunicação dos EUA.

Obama e Raúl Castro fizeram o primeiro encontro oficial em abril, durante a Cúpula das Américas no Panamá. No mês seguinte, a ilha foi retirada da lista de países patrocinadores do terrorismo, uma exigência do regime.

PENDÊNCIAS

A reabertura das embaixadas, porém, deverá encontrar resistências, principalmente do Congresso americano. As duas casas do Legislativo são dominadas pelos republicanos, que são contra a negociação com o país comunista.

Isso poderá impedir a liberação dos US$ 6,6 milhões (R$ 20,46 milhões) para a reforma do prédio da embaixada em Havana e a efetivação de Jeffrey DeLaurentis como embaixador.

Na visão dos adversários de Obama, a retomada das negociações com Cuba legitima violações de direitos humanos do regime comunista, como as prisões políticas, a censura à imprensa e a repressão a opositores.

Por outro lado, ainda não há informações sobre se o regime permitiu o trânsito livre de diplomatas dos Estados Unidos pelo país. O governo de Castro relutava em aprovar a medida devido ao contato dos americanos com dissidentes.

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