O mercado das drogas, no qual os cidadãos da União Europeia) gastam mais de 24 bilhões de euros por ano, é uma das principais ameaças para a segurança na Europa, destaca o relatório 2016 do Observatório Europeu de Drogas e Toxicomanias (OEDT) e da Europol.
O relatório, que consiste numa análise estratégica para facilitar as políticas dos países da União Europeia, foi apresentado em Bruxelas pelo comissário europeu de Assuntos Internos, Dimitris Avramopoulos, o diretor do OEDT, Alexis Goosdeel, e o diretor da Europol, Rob Wainwright.
De acordo com o documento, os mercados das drogas continuam sendo um dos domínios mais rentáveis para os grupos do crime organizado (GCO) e, segundo nossas estimativas, os cidadãos da UE gastam, a cada ano, mais de 24 bilhões de euros (entre 21 e 31 bilhões) em drogas ilícitas.
"O negócio das drogas ilícitas é muito importante, realmente muito importante. O mercado da droga é como potes de mel para as organizações criminosas", disse o comissário Avramopoulos. "As drogas prejudicam nossas comunidades, nossa saúde, conduzem a crimes violentos, corrompem funcionários, destroem a economia", completou.
Para Alexis Goosdeel e Rob Wainwright, a situação das drogas é uma ameaça à segurança europeia. "Não há nenhuma dúvida de que os mercados das drogas ilícitas continuam sendo uma das principais ameaças para a segurança da UE", afirmam na introdução do relatório.
Os autores do documento ainda afirmam que o impacto negativo dos mercados das drogas na sociedade vai cada vez mais além dos danos causados pelo consumo de drogas, e que estes se articulam ''com outras formas de criminalidade e com o terrorismo''.
O relatório ressalta que muitas "pessoas envolvidas em atividades terroristas, geralmente jovens recentemente radicalizados, têm um passado como pequenos delinquentes, em particular com o consumo e a venda de drogas, e exploram de diversas maneiras suas conexões com o meio criminoso para as atividades terroristas".
Segundo o documento, influência dos mercados da droga também é exercida na economia (lavagem de dinheiro), meio ambiente (dejetos de produtos químicos utilizados para produzir drogas) e nas instituições governamentais, com os orçamentos e o risco de corrupção de funcionários.
O relatório também cita as crescentes interconexões entre grupos criminosos, assim como o impacto do tráfico de drogas na internet, que fornece "pontos de venda abertos e outros ocultos".
Em 2013, o mercado da maconha representava aproximadamente 38% do total dos mercados das drogas, à frente da heroína (28%), cocaína (24%), anfetaminas (8%) e do ecstasy (3%).
A maconha é, de longe, a droga mais consumida na UE e quase 1% dos adultos europeus a utilizam diariamente ou quase diariamente. Vinte e dois milhões de europeus consumiram a droga no último ano.
Os preços permaneceram estáveis (de 7 a 12 euros), mas o teor médio de tetra-hidrocannabinol (THC) praticamente dobrou em 10 anos, provavelmente pelo desenvolvimento de "técnicas de produção intensivas e sofisticadas" na Europa, imitada pelos produtores marroquinos.
No mercado da heroína, que tem como protagonistas grupos criminosos turcos, albaneses e paquistaneses, depois de vários anos de queda nas apreensões, o relatório aponta que desde 2013 é registrado um "inquietante avanço da oferta", acompanhado de uma redução do preço e de maior pureza, com 1,3 milhão de usuários estimados.
A importação de cocaína na Europa (3,6 milhões de usuários) continua controlada por grupos criminosos colombianos e italianos, com o desenvolvimento de grupos nigerianos e dos Bálcãs.
"Assistimos a um recrutamento sistemático de funcionários corruptos nos principais portos e aeroportos da UE e dos países de procedência", afirma o relatório.