O regime sírio intensificou nesta segunda-feira (8) a pressão sobre dois redutos rebeldes, com ataques aéreos no noroeste e uma ofensiva para garantir a segurança de uma base militar estratégica perto de Damasco.
Pelo menos 21 civis, incluindo oito crianças, foram mortos em ataques do regime e de seu aliado russo no domingo contra várias cidades da província de Idlib, no noroeste, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). Onze mortos eram de uma mesma família.
Desde 25 de dezembro, o regime conduz uma ofensiva para reconquistar a zona sudeste de Idlib, a única província que escapa inteiramente de seu controle e que está sob controle da Tahrir al-Sham, uma coalizão jihadista formada pela ex-facção da Al-Qaeda na Síria.
"Os bombardeios do governo e da aviação russa continuam nesta segunda-feira em várias regiões de Idlib", indicou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH, que conta com uma ampla rede de fontes no país em guerra.
O objetivo do Exército sírio em tomar o sudeste de Idlib é garantir a segurança de uma estrada que liga Aleppo, a segunda maior cidade do país, até a capital Damasco, de acordo com o OSDH.
O regime de Bashar al-Assad controla atualmente mais de metade do país e multiplica suas vitórias contra os insurgentes e jihadistas graças ao apoio militar da Rússia.
O próximo objetivo é o aeroporto militar de Abu Duhur, de acordo com Rahman. Se conseguir reconquistá-lo, este aeroporto se tornará a primeira base militar nas mãos do regime na província.
Na capital provincial, as operações de resgate continuavam no dia seguinte a uma explosão de origem indeterminada perto de um quartel de combatentes jihadistas asiáticos.
A explosão deixou 34 mortos, incluindo 19 civis e 11 crianças, de acordo com um novo balanço do OSDH.
O quartel-general do grupo "Soldados do Cáucaso" - facção composta por centenas de combatentes da Ásia Central - foi totalmente destruído e os edifícios próximos, gravemente danificados.
A presença desses combatentes asiáticos na Síria ilustra a complexidade da guerra que devasta o país desde 2011.
O conflito, que envolve várias potências regionais, fragmentou o território sírio e causou mais de 340 mil mortes.
Nos últimos meses, a violência tem se concentrado especialmente em Guta Oriental, um enclave rebelde no leste de Damasco, alvo quase diário de bombardeios aéreos e da artilharia do regime.
Nesta segunda-feira, três civis, incluindo uma criança, foram mortos em ataques a uma localidade nesta região, de acordo com o OSDH.
Cercada desde 2013, Guta Oriental e seus 400.000 habitantes sofrem com uma grave escassez de medicamentos e alimentos.
As forças de Damasco encerraram o cerco imposto pelos jihadistas da Tahrir al-Sham e dos rebeldes islâmicos a sua única base militar na região, informou a agência de notícias oficial Sana.
Localizada perto da cidade de Harasta, a "Direção de Blindados", onde cerca de 250 soldados estavam estacionados, estava cercada desde 31 de dezembro.
Os combates desde o início do cerco fizeram 72 mortos nas fileiras pró-regime e 87 entre os opositores.
"Os confrontos continuam a oeste da base para expandir o corredor aberto por uma equipe de forças especiais", disse Rahman.